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Zelenski: Negociações devem partir da atual linha de frente

Publicado 17 de agosto de 2025Última atualização 17 de agosto de 2025

Líder ucraniano afirmou que conversas para pôr fim à guerra devem "começar onde a linha de frente está agora" – mas Putin quer mais que isso. O que esperar da cúpula na Casa Branca nesta segunda?

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Trump e Zelenski sentados frente a frente
Trump e Zelenski conversam durante um encontro no Vaticano, em abrilFoto: Ukrainian Presidential Press Service/Handout via REUTERS

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou neste domingo (17/08) que as negociações com a Rússia devem partir da atual linha de frente da guerra. A declaração foi feita às vésperas da importante reunião que terá na Casa Branca na segunda-feira com o presidente dos EUA, Donald Trump, acompanhado de líderes europeus.

"Precisamos de negociações verdadeiras, o que significa que elas podem começar onde a linha de frente está agora", disse ele a jornalistas em Bruxelas, após se reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "A Rússia ainda não teve sucesso na região de Donetsk, Putin não conseguiu conquistá-la em 12 anos. E a Constituição da Ucrânia torna impossível ceder território ou trocar terras. Como a questão territorial é tão importante, ela deve ser discutida apenas pelos líderes da Ucrânia e da Rússia na trilateral – Ucrânia, Estados Unidos, Rússia."

De acordo com uma reportagem do jornal americano New York Times, Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram durante o encontro que tiveram no Alasca na sexta-feira que a Ucrânia, que foi atacada, deve ceder completamente as regiões de Donetsk e Lugansk à Rússia, incluindo as áreas que atualmente não estão sob ocupação militar russa.

Na segunda-feira, Zelenski primeiro deve se reunir separadamente com Trump para tratar de possíveis concessões à agressora Rússia. Depois, estão previstas conversas em um círculo maior.

Estarão também na Casa Branca o chanceler federal alemão, Friedrich Merz, o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o presidente finlandês Alexander Stubb, Ursula von der Leyen e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.

Meloni, Stubb e Rutte têm uma relação particularmente boa com o presidente dos EUA. Eles estão lá para amortecer eventuais ataques verbais que Trump possa fazer ao presidente ucraniano, de acordo com círculos diplomáticos.

Um escândalo como o que ocorreu durante a primeira visita oficial de Zelenski a Trump, no final de fevereiro, deve ser evitado a todo custo nesta fase altamente sensível das negociações sobre o destino da Ucrânia. Em fevereiro, Trump repreendeu seu convidado ucraniano diante das câmeras no Salão Oval, chamando-o de ingrato.

Zelenski saiu indignado. No entanto, Trump sabe que o bem-estar da Ucrânia depende em grande parte do apoio americano, tanto militar quanto político. Aos seus olhos, Zelenski é mais um suplicante do que alguém em pé de igualdade para buscar um acordo negociado.

Europeus querem cortejar Trump

A cúpula em Washington é, de certa forma, uma continuação da cúpula no Alasca.

Lá, Putin convenceu Trump a abandonar sua exigência de um cessar-fogo imediato na Ucrânia e, segundo a opinião unânime de analistas políticos na Alemanha, manteve inalteradas suas exigências sobre anexação de territórios ucranianos, desarmamento da Ucrânia e levantamento das sanções contra a Rússia.

Agora, na avaliação dos aliados europeus, a tarefa é sugerir a Trump que sua abordagem de negociação é eficaz e convencê-lo a exigir mais concessões da Rússia.

Zelenski e Trump gesticulando no Salão Oval
No final de fevereiro, Trump e Zelenski bateram boca no Salão Oval Foto: Jim LoScalzo/CNP/ZUMA Press/IMAGO

O porta-voz do governo alemão, Stefan Kornelius, disse em Berlim antes de partir para Washington que Merz "enfatizaria o interesse da Alemanha em um rápido acordo de paz na Ucrânia".

Os europeus defendem um cessar-fogo ao longo da atual linha de frente. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que a Ucrânia provavelmente teria que aceitar a anexação de territórios na prática, mesmo que isso não fosse reconhecido internacionalmente no âmbito jurídico.

A "cúpula tripartite" está próxima?

Durante uma videoconferência com o presidente ucraniano no domingo passado, os líderes europeus mais uma vez se comprometeram com garantias de segurança para a Ucrânia. Eles ficaram satisfeitos em observar que os EUA também querem participar das garantias de segurança se um tratado de paz for concluído.

Pelo menos é assim que as declarações de Trump após a cúpula no Alasca estão sendo interpretadas em Berlim, Bruxelas, Londres e Paris. Se a reunião em Washington com a Ucrânia e os europeus produzir o resultado desejado, Trump quer organizar imediatamente uma "cúpula tripartite" com a Ucrânia e a Rússia. Possivelmente já na sexta-feira.

De acordo com o New York Times, Putin prometeu a Trump no Alasca que participaria, mas somente se a Ucrânia renunciasse a certos territórios antes.

Putin retrata falsamente o presidente ucraniano como nazista e ilegítimo no cargo. Analistas políticos em Berlim e em outras capitais europeias se perguntam se o russo realmente se encontrará com ele ou se tentará seguir ganhando tempo.

Erramos: Numa versão anterior deste texto, a DW escreveu que Zelenski havia admitido ceder território. Na verdade, ele disse que as negociações com a Rússia deviam começar considerando a atual linha de frente do conflito. O texto foi corrigido. Pedimos desculpas pelo erro.
 

Por que a ONU não consegue garantir a paz no mundo?

Bernd Riegert
Bernd Riegert Correspondente em Bruxelas, com foco em questões sociais, história e política na União Europeia.