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UE exclui China de licitações de equipamentos médicos

20 de junho de 2025

Bloco proibiu empresas chinesas de participarem de concorrências públicas superiores a 5 milhões de euros. China reclama de protecionismo. Comissão Europeia afirma tratar-se de uma reação proporcional.

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Demonstração de cirurgia feita por robô em feira na China
China avança sobre mercado europeu de dispositivos médicosFoto: CFOTO/IMAGO

A União Europeia proibiu nesta sexta-feira (20/06) que empresas chinesas participem de licitações públicas para a aquisição de dispositivos médicos com valor superior a 5 milhões de euros (R$ 31,7 milhões).

A medida agrava as tensões comerciais entre o bloco europeu e a China e afeta uma ampla gama de suprimentos médicos, como máscaras cirúrgicas, cadeiras de rodas e aparelhos de radiografia. A Comissão Europeia afirmou, em comunicado, que a decisão é uma "resposta à exclusão sistemática de dispositivos médicos europeus dos contratos públicos chineses".

Segundo relatório publicado pelo bloco neste ano, 87% das licitações públicas na China para dispositivos médicos impuseram barreiras à participação de produtos europeus.

"Nossa intenção com essas medidas é equilibrar as condições para as empresas europeias", justificou o comissário europeu de Comércio, Maroš Šefčovič. "Continuamos comprometidos com o diálogo com a China para resolver essas questões." A Comissão também proibiu que fornecedores europeus utilizem mais de 50% de insumos de origem chinesa em seus serviços.

Esta é a primeira aplicação de um regulamento aprovado na União Europeia em 2022, que permite ao bloco estipular medidas para combater práticas discriminatórias contra empresas europeias no exterior.

China acusa UE de protecionismo

Em resposta, a China acusou a União Europeia de adotar "dois pesos e duas medidas": "A UE sempre se vangloriou de ser o mercado mais aberto do mundo, mas, na prática, tem caminhado gradualmente rumo ao protecionismo", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, em coletiva de imprensa.

Carro elétrico chinês sendo abastecido
China acusa UE de protecionismo também em outros setores, como o de veículos elétricosFoto: CFOTO/picture alliance

"Sob o pretexto de concorrência justa, na verdade promove concorrência desleal. Um caso típico de dois pesos e duas medidas."

O bloco europeu rebateu que seu mercado de contratos públicos é um dos mais abertos do mundo. Segundo cálculos da Comissão, as exportações chinesas de dispositivos médicos para a UE mais do que duplicaram entre 2015 e 2023.

Disputas se agravam

Nos últimos três anos, Bruxelas e Pequim se enfrentaram em diversos setores comerciais, incluindo veículos elétricos, indústria ferroviária, painéis solares e turbinas eólicas.

Diante das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a UE vem adotando uma postura mais rígida no comércio internacional, implementando um conjunto de legislações para proteger suas empresas contra práticas consideradas desleais.

Em abril de 2024, a Comissão Europeia abriu uma investigação formal sobre contratos públicos chineses na área de dispositivos médicos, com o objetivo de melhorar o acesso europeu a compras estatais. Após um ano de negociações, Bruxelas concluiu que não houve avanço significativo com as autoridades chinesas.

"A medida busca incentivar a China a pôr fim à discriminação contra empresas e produtos médicos da UE, tratando as companhias europeias com o mesmo grau de abertura que a UE oferece às empresas e produtos chineses", explicou a Comissão.

gq/av (AFP,DPA)