Ucrânia domina debate às vésperas da eleição alemã
21 de fevereiro de 2025A Ucrânia e o futuro da política de defesa da Alemanha foram os temas dominantes no último debate televisionado do país, transmitido ao vivo nesta quinta-feira (20/02), a três dias das eleições parlamentares antecipadas. Os principais candidatos dessa campanha, o chanceler federal, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), e o conservador Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), não participaram do programa.
A CDU, partido cotado para assumir a liderança do próximo governo alemão, defendeu a continuidade do apoio à Ucrânia. A Alemanha é o segundo maior aliado militar de Kiev, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Mas o representante da CDU no debate, Carsten Linnemann, acusou o atual governo de falhar ao não assumir a dianteira dentro da União Europeia nas negociações pela paz na Ucrânia.
Nos últimos dias, o presidente americano, Donald Trump, tem demonstrado que está disposto a negociar o fim da guerra – com a Rússia de Vladimir Putin, mas sem ucranianos e europeus, que agora temem ser excluídos das tratativas.
Os principais partidos cotados para integrar a próxima coalizão de governo – CDU/CSU, SPD, Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) – convergiram no apoio à Ucrânia, mas divergiram sobre como fazer isso.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, tem pleiteado a presença de tropas europeias no país para garantir a paz em caso de acordo com a Rússia. Nas contas dele, seriam necessários ao menos 200 mil soldados estrangeiros.
A tarefa caberia à Alemanha e a outros países europeus, ao que tudo indica. Trump já declarou que não assumirá essa responsabilidade.
O assunto, porém, não vinha sendo discutido abertamente na campanha. Confrontado com o tema no debate, Linnemann, da CDU, se esquivou, dizendo ser ainda muito cedo para se pronunciar sobre isso, e que primeiro a União Europeia teria que se reunir com a Ucrânia e alcançar um acordo para o fim do conflito.
Apenas o Partido Verde, representado no debate pela ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock – o vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck, candidato verde a chanceler, também estava ausente – , defendeu abertamente o envio de tropas de paz alemãs. "Temos missões dos capacetes azuis em outros países, por exemplo, das quais a Alemanha participa. A questão é: se há garantias [feitas à Ucrânia como parte de um acordo], então os europeus também precisam ajudar", disse.
Perguntada sobre a reintrodução do serviço militar obrigatório, a CDU defendeu uma modalidade em que os jovens possam optar entre o alistamento nas Forças Armadas e a prestação de serviços comunitários. Além dela, a CSU e o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) defenderam a volta do serviço militar obrigatório.
CDU defende priorizar investimentos em defesa
Segundo Linnemann, da CDU, a prioridade do próximo governo alemão precisa ser o fortalecimento da Defesa alemã e da União Europeia.
Ainda não está claro, porém, como bancar essa conta.
As eleições foram antecipadas justamente em função do colapso da coalizão de governo de Scholz, que por sua vez foi motivada pela falta de consenso com o ex-parceiro FDP sobre a capacidade de endividamento do governo.
Merz, da CDU, já sinalizou abertura para rediscutir o teto da dívida alemã – algo que tem sido defendido por SPD e Verdes. Mas não se sabe ainda se a medida terá a maioria necessária de dois terços no Parlamento – durante o debate, o FDP e a CSU, parceira tradicional dos conservadores na Baviera, descartaram alterar as regras de endividamento do governo.
Clima
A aliança CDU/CSU, o SPD, o Partido Verde e A Esquerda se comprometeram com a meta de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2045 para a Alemanha. AfD e BSW disseram querer abandonar o compromisso, enquanto o FDP pretende adiá-lo por pelo menos cinco anos, alegando "altos custos" para a economia.
ra (Reuters, ots)