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Trump retira EUA da Unesco pela segunda vez

22 de julho de 2025

País havia regressado em 2023 ao órgão das Nações Unidas para educação, ciência e cultura, após cinco anos fora por decisão de Trump em seu primeiro mandato. Casa Branca tem esvaziado órgãos internacionais.

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Donald Trump
Casa Branca acusou entidade de encampar uma agenda "globalista e ideológica" contrária à agenda nacionalista trumpistaFoto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (22/07) que voltarão a deixar a Unesco, a agência das Nações Unidas para educação, ciência e cultura. 

É a segunda vez em menos de uma década que isso acontece – nos dois casos, por decisão do presidente Donald Trump.

Em 2018, durante o primeiro mandato do republicano, os EUA se retiraram da entidade alegando que o órgão tinha um viés anti-Israel. Em 2023, sob a gestão do democrata e rival Joe Biden, o país voltou à Unesco.

"O presidente Trump decidiu retirar os Estados Unidos da Unesco – que apoia causas culturais e sociais woke e divisivas, que estão em descompasso total com as políticas de senso comum pelas quais os americanos votaram em novembro", declarou uma porta-voz da Casa Branca ao tabloide New York Post.

O termo woke usado pela porta-voz é uma expressão pejorativa usada para se referir a políticas progressistas, sensíveis às injustiças e desigualdades sociais, especialmente à discriminação de grupos historicamente desfavorecidos, como negros, indígenas e pessoas LGBTQ+.

EUA respondem por 8% do orçamento da Unesco

A saída da Unesco foi confirmada por outra porta-voz da diplomacia americana, que acusou a entidade de encampar uma agenda "globalista e ideológica" contrária à agenda nacionalista trumpista.

Diretora-geral da Unesco, Audrey Auzolay lamentou o anúncio, mas afirmou que ele já era aguardado e que a entidade se preparou para tal cenário.

A decisão americana, que será formalizada em dezembro de 2026, deve atingir duramente os cofres da agência – Washington responde por 8% de seu orçamento.

EUA já deixaram a Unesco três vezes

Essa será a terceira vez que os EUA deixam a Unesco. Além da saída em 2017, sob Trump, o país já havia abandonado a entidade em 1984, durante o governo de Ronald Reagan.

À época, Washington acusou a entidade de ser mal administrada, corrupta e instrumentalizada pela União Soviética.

Mesmo após a União Soviética ruir, nos anos 1990, os EUA só voltaram a integrar a entidade em 2003, sob George W. Bush.

Em 2011, EUA e Israel suspenderam repasses à Unesco após posicionamento favorável do órgão ao reconhecimento dos Territórios Palestinos como Estado.

A Unesco é conhecida internacionalmente principalmente pela lista de patrimônios mundiais históricos e naturais.

Sob Trump, EUA abandonam compromissos internacionais

Desde que Trump reassumiu a Casa Branca, os EUA já abandonaram a Organização Mundial da Saúde – órgão da ONU que teve papel essencial na coordenação de medidas de controle da pandemia de covid-19 – e o Acordo de Paris, compromisso internacional para o combate das mudanças climáticas.

Washington também suspendeu seus repasses à UNRWA, a agência da ONU de apoio aos refugiados palestinos. O governo americano agora financia apenas a Gaza Humanitarian Foundation (GHF), entidade polêmica que atua na Faixa de Gaza sob o aval de Israel.

Além disso, Trump também se desvencilhou do compromisso assumido por seu antecessor, Joe Biden, com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a imposição de um imposto mínimo global a grandes empresas.

Por decisão de Trump, os EUA também não fazem mais parte do Conselho de Direitos Humanos da ONU e acabaram com a Usaid, a agência de cooperação internacional do governo americano que financiava diversas ações de saúde e educação em países pobres.

O republicano também tem ameaçado abandonar a já politicamente inapta Organização Mundial do Comércio (OMC) e impôs sanções contra membros do Tribunal Penal Internacional por investigarem o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, por suas ações em Gaza.

ra/bl (AP, Reuters, AFP, EFE)