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Tristeza, medo e raiva: afegãos na Alemanha

Maike Schroff

Contato com as famílias está cortado. Exilados apóiam represália ao regime talibã.

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Os ataques ao Afeganistão estão gerando nova onda de refugiados. Muitos poderão se juntar aos 80 mil que já vivem na AlemanhaFoto: AP

Nestes dias, os sentimentos dos refugiados afegãos que vivem na Alemanha são dominados pela dor, medo e raiva. Depois do início dos ataques norte-americanos, no domingo (07), aumentou a preocupação com os parentes e amigos na pátria. O contato com as famílias em Cabul está cortado há dias e os familiares dependem das informações fornecidas pelos meios de comunicação.

A maioria dos exilados apóia as medidas contra o regime talibã, mas teme as consequências e danos para a população civil no país. Um deles, Kabir Amir, na Alemanha há quase 10 anos, pensa: "Os fundamentalistas não têm razão. Eles são os culpados pela miséria e pelo terror." Ao mesmo tempo, espera que os americanos encontrem uma solução política, porque "agora inocentes perdem a vida. Isto não é uma solução. Manchas de sangue não se podem limpar com sangue."

Khyal Aryubi, de 43 anos, duvida que a estratégia dos americanos vá trazer a paz para o seu país. "A Aliança do Norte, apoiada pelos EUA, não é nenhuma solução. As forças democráticas do Afeganistão dentro do país deveriam ser fortalecidas", opina ele.

Os primeiros refugiados chegaram à Alemanha nos anos 80, fugindo da ocupação soviética. A onda seguinte surgiu por causa dos mujaheddins e a última, motivada pelos talibãs. Entrementes cerca de 85 mil afegãos vivem na Alemanha, sendo 22 mil em Hamburgo. Quatro mil já receberam passaporte alemão. A grande maioria - quase 18 mil - dos afegãos em Hamburgo chegou nos últimos dez anos. Quase todos pertencem à religião muçulmana, mas há pequenas minorias de hindus, judeus e cristãos.

Tal como as causas para o exílio, variam as opiniões políticas entre eles. Só a preocupação com os parentes na pátria une os refugiados. No dia 20 de setembro, 60 enviados de associações afegãs, mesquitas e famílias importantes reuniram-se pela primeira vez na Câmara Municipal de Hamburgo, constituindo o Conselho dos Afegãos. Eles elaboraram uma resolução que condena a violência e o terror do mesmo modo que uma ação militar à custa da população civil.

Um representante do conselho afirmou: "Para nós, os talibãs não são afegãos, mas milicianos do Paquistão, que foram armados pelos paquistaneses e americanos para tomar o poder no Afeganistão." Os afegãos exilados sentem-se gratos pela hospitalidade da Alemanha, mas agora temem os preconceitos dos alemães contra todos os que têm aparência árabe.