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SociedadeÍndia

Corte indiana ordena remoção de 5 mil cães de rua da capital

11 de agosto de 2025

Decisão foi tomada no contexto de milhares de casos de mordidas de cães em Nova Délhi. Conservacionistas afirmam que ordem é impraticável e defendem vacinação e esterilização.

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Cães de rua são vistos em Nova Délhi, Índia, em 9 de fevereiro de 2020.
Índia registra mais de um terço das mortes globais por raivaFoto: Nasir Kachroo/NurPhoto/picture alliance

O Supremo Tribunal da Índia ordenou nesta segunda-feira (11/08) a remoção de 5 mil cães abandonados das ruas da capital, Nova Délhi, em um contexto de aumento nos casos de ataques com mordidas.

A decisão instruiu as autoridades a capturar os animais de "áreas de alto risco" num prazo de seis a oito semanas, e que eles sejam esterilizados e realocados em abrigos.

A ordem foi emitida após a divulgação de registros hospitalares apontando quase 2 mil incidentes de mordidas de cães por dia na capital indiana.

Número de animais de rua é incerto

Não está claro como o tribunal chegou ao número de 5 mil cães de rua, já que ninguém sabe ao certo quantos cães vagam pelas ruas de Nova Délhi. 

Os dados mais recentes, de 2013, registravam pelo menos 60 mil, mas diversas estimativas colocam o número de cães abandonados na capital indiana entre 500 mil e um milhão.

Segundo uma pesquisa realizada pela Mars Petcare, a Índia tem 52,5 milhões de cães de rua, enquanto 8 milhões de cães abandonados se encontram em abrigos.

Cão de rua no colo de pessoa.
Estimativas mais recentes calculam que haja até um milhão de cães de rua em Nova DélhiFoto: Nasir Kachroo/NurPhoto/picture alliance

Embora muitos dos cães que vagam pela cidade sejam inofensivos, o tribunal qualificou o número de incidentes com mordidas de cães como "extremamente preocupante".

"Bebês e crianças pequenas não devem, sob hipótese alguma, ser vítimas de cães de rua", afirmou a corte.

O tribunal também ordenou a criação de uma linha de atendimento 24 horas para reportar casos de mordidas de cães e orientou as autoridades a divulgarem os locais onde as vacinas antirrábicas estão disponíveis.

Críticas de conservacionistas

A Índia responde por mais de um terço das mortes globais por raiva, segundo informações da Organização Mundial da Saúde. Se não for tratado, o vírus, que invade o sistema nervoso central de pessoas mordidas por um animal infectado, é quase sempre fatal.

A decisão do tribunal gerou críticas de conservacionistas quanto à sua implementação.

"Onde estão os abrigos para abrigar milhares de cães?", questionou o biólogo conservacionista Bahar Dutt em uma publicação no X, chamando a ordem do tribunal superior de "uma medida impraticável e anticientífica".

"Acreditamos respeitosamente que o foco deve ser em soluções humanitárias para cães de rua em Délhi – vacinação e esterilização em massa – em vez de remoção", escreveu nas redes sociais Vidit Sharma, fundador da organização de bem-estar animal Save A Stray.

O tribunal alertou os ativistas dos direitos dos animais para não obstruírem o processo.

Já Kapil Mishra, ministro do governo indiano, saudou a ordem e disse que ela representava um passo na libertação de Nova Délhi "do medo da raiva e de animais de rua".

"Atenção especial também será dada ao bem-estar integral dos animais abandonados", acrescentou em uma publicação nas redes sociais.

ip/bl (afp, AP, Reuters)