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SpaceX lança primeira missão tripulada para regiões polares

1 de abril de 2025

Expedição privada deve capturar visão privilegiada da Terra e conduzir experimentos, como o primeiro registro de raios X em humanos no espaço e o cultivo de cogumelos em microgravidade.

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Dois homens e duas mulheres vestindo uniformes (calça verde e casaco azul) sentados em equipamento para treinamento espacial
Equipe da missão Fram2 em treinamento para a viagem polar pioneira Foto: SpaceX/dpa/picture alliance

Um foguete da SpaceX decolou na noite de segunda-feira (31/03) para a primeira missão espacial tripulada a sobrevoar diretamente os polos Norte e Sul. O lançamento aconteceu na Flórida, no Centro Espacial Kennedy, da Nasa

A expedição privada foi bancada pelo investidor de bitcoins nascido na China e naturalizado maltês Chun Wang, que levou consigo mais três exploradores: a cineasta norueguesa Jannicke Mikkelsen, o especialista em expedições polares australiado Eric Philips e a pesquisadora em robótica alemã Rabea Rogge – a primeira mulher de seu país a ir ao espaço e piloto da missão.

Wang não revelou quanto pagou à SpaceX, de Elon Musk, pela aventura polar, que deve durar de três a cinco dias. A missão foi chamada de "Fram2" em homenagem a um famoso navio norueguês do século 19 que desbravou os mares gelados do Ártico e da Antártida. A tripulação partiu a bordo de uma cápsula Dragon, levada por um foguete Falcon 9 da SpaceX.

"Com o mesmo espírito pioneiro dos primeiros exploradores polares, buscamos trazer novos dados e conhecimentos para promover os objetivos de longo prazo da exploração espacial", disse Chun Wang, comandante da missão.

Lançamento do foguete Falcon 9, da SpaceX
A missão Fram2 foi lançada do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na FlóridaFoto: Joe Skipper/REUTERS

A tripulação planeja alguns experimentos, incluindo a realização dos primeiros raios-X em humanos no espaço e o cultivo de cogumelos num ambiente de microgravidade.

Wang apresentou a ideia da expedição à SpaceX em 2023, dois anos depois que o empresário de tecnologia americano Jared Isaacman financiou e liderou a primeira equipe privada e totalmente civil a orbitar a Terra, também com uma nave da empresa de Musk. Isaacman agora é cotado pelo governo de Donald Trump para o cargo mais alto da Nasa.

Feito inédito

Até o momento, nenhum viajante espacial havia se aventurado além dos 65 graus de latitude norte e sul – linhas imaginárias próximas, mas fora, dos círculos Ártico e Antártico.

As regiões polares da Terra estão fora da visão dos astronautas, inclusive da Estação Espacial Internacional (ISS). As missões lunares Apollo não passaram diretamente sobre essas regiões.

Para esse feito, a equipe treinou por oito meses, inclusive no deserto do Alasca, para simular a vida em ambientes confinados sob condições adversas.

Rabea Rogge brinca com esquis nos pés em cenário todo coberto por neve
Rabea Rogget, primeira mulher alemã no espaço, durante treinamento no AlascaFoto: Privat/dpa/picture alliance

A primeira etapa do voo – da Flórida ao Polo Sul – levou apenas meia hora. Da altitude almejada de cerca de 270 milhas (440 quilômetros), a cápsula Dragon, totalmente automatizada, dará a volta ao mundo em aproximadamente uma hora e meia, incluindo 46 minutos para voar de polo a polo.

"Aproveite as vistas dos polos. Envie-nos algumas fotos", disse o controle de lançamento da SpaceX por rádio assim que a cápsula atingiu a órbita.

Após retornar à Terra, a tripulação pretende sair da espaçonave sem assistência médica adicional, como forma de ajudar os pesquisadores a avaliar a capacidade dos astronautas de realizar tarefas básicas após o voo espacial.

A órbita polar é ideal para satélites climáticos e de mapeamento da Terra, e pode também ter finalidade de espionagem. A rota favorece a observação do mundo inteiro, todos os dias – enquanto a nave circunda a Terra de polo a polo, é possível vê-la girando logo abaixo.

Geir Klover, diretor do Museu Fram, em Oslo, espera que a viagem chame mais atenção para as mudanças climáticas e o derretimento das calotas polares.

Ele emprestou à equipe um pequeno pedaço do convés de madeira do navio com a assinatura de Oscar Wisting, que, com Roald Amundsen, no início dos anos 1900, foi o primeiro a chegar aos dois polos.

sf/md (AFP, DW)