Show de banda que criticou Israel é cancelado na Alemanha
1 de julho de 2025Uma casa de shows na cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, anunciou nesta terça-feira (01/07) que cancelou uma apresentação da dupla britânica de punk-rap Bob Vylan. A decisão ocorreu após o vocalista da banda gerar controvérsia internacional ao puxar um coro contra as Forças Armadas de Israel durante festival de Glastonbury, que ocorreu no último sábado no Reino Unido.
Em Colônia, o grupo estava programado para abrir um show da banda americana de punk Gogol Bordello, em setembro, no Live Music Hall.
"Juntamente com a promotora local Prime Entertainment, decidimos não permitir que Bob Vylan se apresente aqui no Live Music Hall. Não queremos oferecer nosso palco a alguém assim", disse um representante da casa de shows alemão ao jornal local Kölner Stadt-Anzeiger.
A Bob Vylan, porém, deve abrir outras sete apresentações da Gogol Bordello em cidades alemãs, mas não há informações sobre se estes shows serão mantidos.
Banda é alvo de investigação no Reino Unido
Na segunda-feira, a polícia britânica iniciou uma investigação criminal sobre declarações feitas pela dupla e pelo trio de rap Kneecap durante o festival no sudoeste da Inglaterra.
A banda Bob Vylan foi criticada após seu vocalista, Bobby Vylan – nome artistico de Pascal Robinson-Foster – puxar um coro com o lema "Morte, morte às FDI!", sigla das Forças de Defesa de Israel, em uma crítica às operações israelenses em Gaza.
O coro foi acompanhado pelo público, que segurava dezenas de bandeiras palestinas. Antes disso, o vocalista já havia puxado um coro com a frase "Libertem, libertem a Palestina!".
Os agentes apuram se houve incitação à violência, antissemitismo e discurso de ódio da banda.
A polícia também investiga o trio Kneecap, que se apresentou antes do Bob Vylan em Glastonbury e cujo posicionamento passado sobre Israel já havia gerado controvérsia. Um de seus membros, Liam Óg Ó hAnnaidh, foi acusado sob a Lei Antiterrorismo britânica após ser acusado de exibir uma bandeira do grupo libanês Hezbollah , classificado como organização terrorista no Reino Unido, em um show em Londres no ano passado.
Banda rejeita acusações
O caso envolvendo o coro incentivado pela Bob Vylan recebeu ainda mais atenção porque o episódio todo foi transmitido pela TV. A rede BBC posteriormente pediu desculpas por não ter interrompido a transmissão ao vivo da apresentação após o coro ser repetido pelo público.
O rabino chefe britânico, Ephraim Mirvis, disse que a "exibição do ódio contra judeus" pela BBC foi um momento de "vergonha nacional."
"Basta camuflar seu incitamento explícito à violência e ao ódio como um comentário político ousado, para que as pessoas comuns não só deixem de ver o que realmente é, mas também aplaudam, cantem e celebrem isso", escreveu ele no X.
A embaixada de Israel no Reino Unido também criticou o episódio, classificando a performance como uma "glorificação da violência".
Até mesmo o primeiro-ministro entrou na controvérsia, criticando a banda pelo que ele chamou de "discurso de ódio terrível".
A Bob Vylan rejeitou as acusações de antissemitismo pelos comentários feitos no palco do Festival de Glastonbury. Em um comunicado, a banda afirmou que virou alvo apenas por falar sobre a guerra em Gaza.
"Não somos a favor da morte de judeus, árabes ou qualquer outra raça ou grupo de pessoas. Somos a favor do desmantelamento de uma máquina militar violenta. Uma máquina que destruiu grande parte de Gaza", disse a banda em publicação no Instagram.
EUA revogam vistos da banda
Após a apresentação, autoridades dos Estados Unidos , país aliado de Israel, anunciaram que o país vai revogar os vistos dos membros do Bob Vylan, os impedindo de realizar uma turnê em cidades americanas que estava prevista para o final deste ano.
"O Departamento de Estado revogou os vistos dos EUA para os membros da banda em função de seu discurso de ódio em Glastonbury, inclusive liderando a multidão em cantos de morte. Estrangeiros que glorificam a violência e o ódio não são bem-vindos em nosso país", disse o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, em uma publicação no X.
gq (AFP, AP, ots)