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Rússia condena dois ex-jornalistas da DW à prisão

15 de abril de 2025

Konstantin Gabov e Sergey Karelin estão entre os quatro repórteres condenados a pena de quase 6 anos por cobrir as atividades de fundação do líder oposicionista Alexei Navalny, que morreu em 2024 na cadeia.

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Foto de outubro de 2024 mostra os jornalistas Konstantin Gabov, Antonina Favorskaya, Artyom Kriger e Sergei Karelin durante o processo na Rússia
Foto de outubro de 2024 mostra os quatro jornalistas durante o processo na RússiaFoto: Maxim Shemetov/REUTERS

Um tribunal em Moscou, na Rússia, condenou nesta terça-feira (15/04) por "extremismo" os jornalistas Sergey Karelin, Konstantin Gabov, Antonina Favorskaya e Artyom Kriger a cinco anos e meio de prisão. Os quatro eram acusados de ter produzido fotos e vídeos para o canal no YouTube do líder oposicionista Alexei Navalny, que morreu em fevereiro de 2024 dentro de uma colônia penal.

O canal do YouTube em questão, "Navalny Live", continua sendo operado por funcionários da FBK, fundação anticorrupção criada pelo oposicionista que é oficialmente considerada "extremista" pelo Kremlin. Funcionários e apoiadores da entidade estão sendo processados criminalmente na Rússia.

Os jornalistas negaram as acusações, afirmando que não trabalhavam para a FBK, mas apenas cobriam jornalisticamente as atividades da fundação.

A sentença deles difere pouco do pedido pela Procuradoria, que queria 5 anos e 11 meses de prisão.

O julgamento foi conduzido a portas fechadas, como parte de uma repressão de dissidentes que atingiu um patamar inédito desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

"Jornalistas tratados como criminosos perigosos"

Os cinegrafistas Gabov e Karelin são ex-funcionários da DW. Já Favorskaya e Kriger trabalhavam, antes de serem presos, para a agência independente de notícias Sota Vision, tendo coberto processos judiciais movidos contra presos políticos.

Os jornalistas Konstantin Gabov e Sergey Karelin
Konstantin Gabov e Sergey Karelin trabalharam para a DWFoto: AP Photo/picture alliance & Alexander Nemenov/AFP/Getty Images

"Com a sentença, a Rússia demonstra com toda a severidade que é um país que desrespeita o Estado de Direito. O regime tenta com todas as forças distorcer os fatos, e leva jornalistas corajosos ao tribunal como se fossem criminosos perigosos", comentou o diretor-geral da DW, Peter Limbourg.

"Cada dia que Antonina Favorskaya, Konstantin Gabov, Sergey Karelin e Artyom Kriger passam na prisão é demais. Nossa total solidariedade está com eles e com suas famílias", afirmou Limbourg.

Jornalista foi presa ao visitar cemitério onde Navalny está enterrado

Favorskaya havia acompanhado os processos contra Navalny e visitado a colônia penal "lobo polar" em Kharp, na Sibéria. Foi ali que o oposicionista veio a óbito, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Após o enterro de Navalny, Favorskaya documentou como pessoas deixaram flores no cemitério. Foi numa dessas visitas ao cemitério, em 17 de março, que ela foi presa.

Flores decoram sepultura de Alexei Navalny em Moscou; foto de 2 de março de 2024
Líder oposicionista Alexei Navalny foi enterrado em março de 2024 em MoscouFoto: Olga Maltseva/AFP/Getty Images

Gabov e Karelin foram presos um mês depois disso, e Kriger, em junho. Todos os quatro aguardavam na prisão pelo julgamento.

Em outubro, Gabov e Karelin haviam relatado à DW as difíceis condições a que estiveram sujeitos durante a prisão preventiva, em celas imundas e superlotadas. A advogada de Karelin, Katerina Tertuchina, chamou as más condições de prisão de "tortura".

Rússia está na lanterna da liberdade de imprensa

Segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras, praticamente não existe liberdade de imprensa na Rússia, que ocupa o 162º lugar dentre 180 países no ranking mundial da entidade.

A ONG contabiliza ao menos 37 jornalistas assassinados por terem exercido seu trabalho durante o governo do presidente Vladimir Putin.

No dia 4 de fevereiro de 2022, poucas semanas antes de invadir a Ucrânia, o Kremlin baniu a DW do país, forçando o fechamento da redação em Moscou e bloqueando totalmente o acesso de seus sites na Rússia. O serviço russo da DW continua a operar a partir de Riga, na Letônia.

ra/bl (DW, AFP, Reuters)