Quando flores se tornam armas de protesto
Ao longo da história, manifestantes em diversos países do mundo transformaram flores em símbolos de sua luta por paz e liberdade. Diversas delas batizam revoluções que derrubaram governos e deram fim a ditaduras.
Flores pela mudança em Belarus
Em reação à repressão brutal da polícia contra os manifestantes que contestam a controversa reeleição do presidente Alexander Lukashenko, mulheres bielorrussas adotaram poderosos símbolos de paz durante os protestos. Vestidas de branco e segurando com flores, elas marcharam e formaram correntes de solidariedade nas ruas de Minsk, capital do país.
A Revolução dos Cravos em Portugal
O regime militar durou quase 50 anos em Portugal. A tortura arbitrária e a censura foram impostas por generais como Carmona e mais tarde Salazar. Em 1974, militares dissidentes levaram à queda daquela que era então a ditadura mais antiga da Europa. Os cidadãos de Lisboa celebraram o levante, que ocorreu quase sem derramamento de sangue, com cravos vermelhos.
A Revolução de Jasmim na Tunísia
Outra revolução batizada com o nome de uma flor foi a Revolução de Jasmim na Tunísia, uma homenagem à flor símbolo do país. Em janeiro de 2011, os manifestantes derrubaram o governante autocrático Zine el-Abidine Ben Ali, que liderou o país por mais de 20 anos antes de fugir dos protestos para a Arábia Saudita.
A florescente Primavera Árabe
A revolta popular na Tunísia marcou o início da Primavera Árabe, uma onda de protestos que se seguiram no Egito, na Líbia e em outros países do Norte da África e do Oriente Médio. Neste contexto revolucionário, a Tunísia é o melhor exemplo de um movimento bem-sucedido. Embora mais protestos tenham surgido após a derrubada do governo, o país é considerado relativamente estável.
Sem paz na Síria
A guerra civil ainda devastada a Síria, onde esta foto foi tirada em maio de 2013. A imagem mostra um rebelde curdo das Unidades de Proteção do Povo (YPG) da Síria em Aleppo com uma flor em seu AK-47 russo. Sete anos depois, ainda não há um sinal de quando esse conflito irá terminar.
Jasmins na China
Inspirados pelos levantes no mundo árabe, protestos pró-democracia também emergiram na China em 2011. Numa clara alusão aos eventos na Tunísia, manifestantes chineses também passaram a protestar segurando jasmins. As autoridades do país reagiram rapidamente e proibiram a venda da flor. Na internet, pesquisas pelo termo "jasmim" também foram bloqueadas.
Revolução das Rosas na Geórgia
Apesar de não ser tão famosa, a Revolução das Rosas levou à renúncia do presidente da Geórgia (e ex-ministro do Exterior da União Soviética) Eduard Shevardnadze, em 2003. Os manifestantes se inspiraram numa citação do primeiro presidente georgiano: "Vamos jogar rosas em vez de balas sobre nossos inimigos".
Revolução das Tulipas no Quirguistão
Após as eleições parlamentares de fevereiro de 2005, a agitação popular no Quirguistão levou à derrubada do presidente Akayev. Na época, os manifestantes usaram o símbolo da oposição, a tulipa da montanha. A situação permaneceu instável até o Quirguistão estabelecer o parlamentarismo em 2010. Mesmo assim, segundo ONGs, ainda há restrições à liberdade de imprensa e de expressão no país.
Flores e cores
As revoluções da Tulipa e da Rosa estão entre as chamadas revoluções coloridas, uma onda de protestos em países da antiga União Soviética durante o início dos anos 2000. As flores já eram usadas em protestos políticos muito antes: os social-democratas, por exemplo, adotaram a rosa vermelha como símbolo. Já os hippies usaram flores para protestar contra a Guerra do Vietnã.
Flores na Tailândia
Em reação aos protestos de 2013, o governo tailandês inverteu os papéis habituais e permitiu que os policiais distribuíssem flores aos manifestantes. Após meses de lutas pelo poder entre os pró-governo "Camisas Vermelhas" e a coalizão de oposição "Camisas Amarelas", os militares tomaram o poder em um golpe em 2014 e impuseram a lei marcial ao país.