Parlamentares chilenos serão submetidos a testes de drogas
20 de agosto de 2022Metade dos 155 parlamentares chilenos começarão a ser testados aleatoriamente para drogas no início da semana que vem, depois que uma proposta que torna os testes obrigatórios foi aprovada em julho, apesar das críticas de alguns dos legisladores.
Os primeiros 78 deputados chilenos a serem testados foram sorteados na última quarta-feira (17/08), e agora terão sua primeira série de testes de drogas, como parte de uma iniciativa que afirma que a medida é necessária para elevar os padrões de transparência no trabalho parlamentar.
Raúl Soto, presidente da Câmara e um dos sorteados para se submeter exame, afirmou que os deputados têm um prazo de nove dias, a partir de 22 de agosto, para ir até o laboratório da Universidade do Chile e entregar fios de cabelo para serem testados.
No fim de setembro será a vez dos deputados restantes se submeterem aos testes.
Os resultados levarão entre 10 e 15 dias para ficarem prontos e serão divulgados publicamente. Em caso de resultado positivo, o sigilo bancário do parlamentar pode ser levantado para comprovar que não há movimentações de dinheiro que não possam ser justificadas.
A nova proposta determina que todos os parlamentares precisarão ser testados duas vezes em cada mandato de quatro anos.
"Não há nada mais importante do que dar transparência às pessoas, em mostrar que seus parlamentares não são consumidores de drogas", disse o deputado de direita Juan Antonio Coloma ao canal de TV pública do país, na quinta-feira.
A proposta chilena, no entanto, dividiu os parlamentares em um país que está em processo de votação de uma nova Constituição.
"Não concordo com o procedimento", disse a deputada independente Marcela Riquelme à TV Nacional do Chile, enquanto outros chamaram a medida de um "show inaceitável".
"Não me abasteço de forma ilegal, não compro, eu ganho de presente. Em algum momento da vida, quando era mais jovem, plantei. Cheguei a ter, no auge, duas plantas ao ar livre, nada muito elaborado”, disse o deputado de esquerda, Jaime Sáez, que disse abertamente que consume maconha.
"Eu também fumo, não me envergonho, e cultivo minhas plantas para não alimentar os cofres do narcotráfico”, assinalou, por sua vez, Ana María Gazmuri, deputada e ativista em favor do consumo da cannabis.
jps (AFP, Reuters)