Europa pressiona Rússia a aceitar cessar-fogo na Ucrânia
Publicado 15 de março de 2025Última atualização 15 de março de 2025Após se reunir com líderes de 25 países, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, voltou a pressionar a Rússia neste sábado (15/03) para que aceite o cessar-fogo de 30 dias com a Ucrânia que foi proposto pelos Estados Unidos, assegurando que os planos de paz estão agora em "fase operacional".
Segundo Starmer, chefes militares de países aliados a Kiev se encontrarão na próxima quinta-feira (20/03) para definir como cada um deles ajudará a assegurar a paz após o fim do conflito. Kiev teme sofrer novos ataques russos e insiste em garantias de segurança – tarefa que o presidente americano Donald Trump já deixou claro que espera que seja cumprida pelos europeus.
Starmer criticou a posição ambígua de Vladimir Putin sobre o cessar-fogo e o acusou de tentar atrasar as negociações de paz. O presidente russo já sugeriu que só aceitará uma trégua sob seus termos, e rejeita a presença de militares de países da Otan em solo ucraniano.
Enquanto não houver cessar-fogo, Starmer disse que a Ucrânia continuará a ser apoiada militarmente, e prometeu intensificar as sanções econômicas contra Moscou.
Assim como a França, o Reino Unido tem apoiado a ação conjunta do que chama de "coalizão dos dispostos" – grupo de nações ocidentais, incluindo Europa, Austrália, Canadá e Nova Zelândia, mas não os Estados Unidos, comprometido em ajudar a Ucrânia antes de qualquer acordo de paz e, depois disso, garantir a segurança do país.
A reunião deste sábado foi liderada por Starmer e pelos presidentes francês, Emmanuel Macron, e ucraniano, Volodimir Zelenski, além do chefe da Otan, Mark Rutte.
Starmer busca ofertas de apoio logístico, financeiro ou militar a Kiev, para colocar o país invadido pela Rússia em posição forte para as negociações.
"Se Putin está falando sério sobre a paz, é muito simples, ele tem que parar seus ataques bárbaros contra a Ucrânia e concordar com um cessar-fogo", disse Starmer durante a vídeoconferência.
"Minha impressão é que, mais cedo ou mais tarde, ele terá que se sentar à mesa e participar de uma discussão séria", disse Starmer.
Garantias de segurança
Desde que Trump passou a negociar com a Rússia e interrompeu ajudas à Ucrânia, Keir Starmer vem tentando agir como uma ponte entre a Europa e os Estados Unidos.
Depois da conversa deste sábado, o líder britânico deve continuar a tentar influenciar Trump para obter garantias de segurança.
"Temos que continuar avançando e nos preparando para uma paz que seja segura e duradoura", disse Starmer. "Isso significa fortalecer a Ucrânia para que ela possa se defender em termos de capacidade militar, em termos de financiamento."
Ele pediu também que Washington ofereça "apoio" de segurança a essas forças, uma medida que ele acredita ser essencial para impedir Putin de atacar novamente.
Trump disse que havia uma "chance muito boa" de a guerra chegar ao fim depois que seu enviado a Moscou, Steve Witkoff, teve uma longa reunião com Putin na noite de quinta-feira.
O presidente ucraniano, que participou da reunião virtual deste sábado, também disse que vê "uma boa chance" de acabar com a guerra, tendo "sólidos entendimentos de segurança" com os parceiros europeus.
Ele disse que estava discutindo com os aliados de Kiev futuras garantias de segurança e também apoio econômico, acrescentando que seria necessária defesa aérea como dissuasão em um acordo de paz.
Na quinta-feira, Putin disse que quer que a Ucrânia abandone suas ambições de se juntar à Otan e que a Rússia controle todas as quatro regiões ucranianas que reivindicou como suas, e que o tamanho do exército ucraniano seja seja limitado.
Também condicionou o cessar-fogo a garantias de que a Ucrânia não irá se rearmar nem recrutar ou treinar soldados.
Kiev rejeita essas exigências. Neste sábado, Zelenski indicou, porém, que aceitaria um cessar-fogo mesmo sem retirada das tropas russas do território ucraniano. Ele disse que a questão é "complicada" e deve ser abordada posteriormente, durante negociações diplomáticas.
sf/ra (Reuters, ots)