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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Israel retoma ataques em Gaza

18 de março de 2025

Exército de Israel bombardeou alvos no território, indicando fim do frágil cessar-fogo em vigor desde janeiro. Número de mortos passa de 400, de acordo com o governo local, controlado pelo Hamas.

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Mulher com a mão na cabeça sentada em escombros, com colchões ao fundo
Segundo autoridades da Faixa de Gaza, muitas vítimas ainda permanecem sob os escombros após bombardeiosFoto: EYAD BABA/AFP

As Forças Armadas de Israel iniciaram na madrugada desta terça-feira (18/03) uma nova campanha de ataques a alvos do Hamas na Faixa de Gaza, indicando que o frágil cessar-fogo que imperava na região desde janeiro.

O número de mortos de mortos já passa de 400, de acordo com dados do governo do território, controlado pelo grupo islâmico Hamas – considerado uma organização terrorista pelos EUA, pela União Europeia e por outros países.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques foram iniciados após o Hamas se recusar a libertar reféns que ainda são mantidos pelo grupo em Gaza.

Os militares israelenses disseram que atingiram dezenas de alvos e que os ataques continuariam pelo tempo que fosse necessário e se estenderiam além dos ataques aéreos, aumentando a perspectiva de que as tropas terrestres israelenses possam retomar os combates.

Um membro do Hamas disse à agência Reuters que a retomada dos ataques significavam um rompimento unilateral, por parte de Israel, do acordo de cessar-fogo,

"Várias vítimas sob escombros"

Em comunicado divulgado por sua assessoria de imprensa, o governo de Gaza advertiu que "várias vítimas ainda estão sob os escombros e esforços estão em andamento para resgatá-las".

"Há dezenas de corpos que ainda não conseguiram chegar aos hospitais", disse à agência de notícias EFE Zaher al Waheidi, diretor da unidade do Ministério da Saúde de Gaza responsável pela contagem de mortos. Até a manhã desta terça-feira, 254 corpos e 440 feridos haviam chegado aos hospitais.

O governo de Gaza disse que os corpos não estão chegando aos hospitais "devido à difícil situação humanitária no local e à paralisia do setor de transporte por conta da falta de combustível em todas as províncias da Faixa", referindo-se à atual escassez de combustível no enclave, que piorou quando Israel começou a bloquear completamente o acesso à ajuda no início deste mês.

Pessoas sob marquise entre corpos envolvidos em lençóis, com pessoas na rua
Corpos de mortos em bombardeios israelenses em hospital na Cidade de GazaFoto: Dawoud Abu Alkas/REUTERS

Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza após um cessar-fogo de quase dois meses, no que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, qualificou como "medidas enérgicas contra a organização terrorista Hamas", acusando o grupo de não entregar as 59 pessoas sequestradas em 7 de outubro de 2023 que permanecem no território palestino.

Maioria dos mortos seriam mulheres e crianças

De acordo com o governo da Faixa de Gaza, a maioria dos mortos eram mulheres e crianças. Antes do cessar-fogo entrar em vigor em 19 de janeiro, as Nações Unidas estimaram que cerca de 70% dos mortos no enclave eram mulheres e crianças.

"Esses massacres brutais, que a ocupação (israelense) continua a perpetrar, ocorrem em um momento em que a Faixa de Gaza está sob um bloqueio catastrófico e sufocante e com o fechamento total de seus cruzamentos fronteiriços", lembrou o governo local.

"Afirmamos que nosso povo palestino continuará trabalhando, usando todos os meios legais, políticos e diplomáticos, para expor os crimes da ocupação e pôr fim a essa agressão brutal que é uma vergonha para a humanidade", acrescentou.

O gabinete de Netanyahu anunciou em um comunicado que o Exército estava atacando alvos do Hamas em Gaza "para alcançar os objetivos da guerra, conforme determinado pela cúpula política, incluindo a libertação de todos os nossos reféns, tanto os vivos como os mortos".

"A partir de agora, Israel agirá contra o Hamas com força militar cada vez maior", acrescentou o comunicado, detalhando que o "plano operacional" para retornar à guerra "foi apresentado no último final de semana pelo Exército e aprovado pela cúpula política".

Os bombardeios começaram depois que Netanyahu anunciou que uma delegação de Israel viajaria ao Cairo para continuar negociando um cessar-fogo com o Hamas.

Famílias acusam Netanyahu de abandonar reféns

O Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos, que reúne parentes da maioria dos prisioneiros na israelenses Faixa de Gaza, condenou os bombardeios e acusou o governo de Israel de abandonar os reféns.

 Os membros da organização disseram estar "totalmente dececionados" com o ataque.

Em Israel, o Fórum das Famílias que se manifesta semanalmente para exigir o fim da guerra e garantir o regresso dos reféns, afirma que o governo de Benjamin Netanyahu deve regressar ao cessar-fogo que esteve em vigor durante quase dois meses.

"Porque é que não lutam na sala de negociações? Porque é que abandonam o acordo que podia ter trazido todos para casa", lamentam os familiares dos reféns.

Pessoas retiram maca com paciente de ambulância em entrada de hospital
Hospitais estão sobrecarregados por 15 meses de bombardeios. Maioria das vítimas seria de mulheres e criançasFoto: Doaa Albaz/Anadolu/picture alliance

Ainda permanecem 59 cativos na Faixa de Gaza, a maioria sequestrada no ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023.  No ataque de 2023, o Hamas matou 1.200 pessoas em território israelense e fez 251 reféns.

"O regresso aos combates antes da libertação do último refém será feito à custa dos 59 prisioneiros que permanecem em Gaza e que poderiam ser salvos", continua o comunicado. 

Já o fórum de direita Tikva, um outro grupo que reúne as famílias de alguns dos reféns, apoiou os bombardeios. "Ou tudo ou o inferno", disse o grupo.

"As últimas semanas provaram o que temos dito: o Hamas não vai devolver os reféns. Só a pressão militar, o bloqueio total, incluindo o corte da eletricidade e da água, e a ocupação dos territórios vão levar o Hamas ao colapso", indica o comunicado o fórum de direita.

A segunda fase do cessar-fogo em Gaza deveria ter começado no último dia 2 de março, mas Israel e o Hamas nunca chegaram a acordo sobre os termos. 

Esta fase incluía o fim duradouro das hostilidades, a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza e o regresso dos reféns restantes.

Israel exigiu um prolongamento da primeira fase insistindo na manutenção das tropas em Gaza e a libertação dos reféns. O Hamas rejeitou a posição, exigindo o cumprimento do plano originalmente acordado.

Durante a primeira fase do cessar-fogo, o Hamas libertou 33 reféns israelenses e cinco cidadãos tailandeses, o que não estava previsto inicialmente. Israel libertou cerca de 1.800 prisioneiros palestinianos.

md (EFE, Lusa, Reuters, AFP)