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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Hamas divulga vídeo de refém e pressiona por cessar-fogo

Publicado 2 de agosto de 2025Última atualização 3 de agosto de 2025

Na gravação, Evyatar David aparece desnutrido e diz cavar sua própria cova. Família acusa grupo palestino de usar o jovem em uma "campanha vil de fome".

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Familiar segura cartaz com imagem do refém David Evyatar
Familia divulgou vídeo enviado pelo Hamas em que o refém David Evyatar aparece desnutrido. [Imagem de arquivo publicada em 05/11/2023] Foto: Aristidis Vafeiadakis/ZUMA/picture alliance

Um vídeo que mostra um refém israelense em estado extremo de desnutrição, mantido em Gaza pelo grupo islâmico Hamas, foi divulgado neste sábado (02/08) por sua família, no mesmo dia em que os parentes dos sequestrados se reuniram com o enviado dos EUA, Steve Witkoff, para exigir sua libertação. 

A gravação de quase cinco minutos mostra Evyatar David, de 24 anos, em um túnel estreito, sendo forçado a cavar o que é descrito como sua "própria cova". 

No vídeo, ele relata os dias em que recebeu apenas feijão, lentilhas ou, às vezes, nada para comer. Em alguns momentos, diz que chegou a ficar dois ou três dias seguidos sem qualquer alimento.

O vídeo termina com a mensagem de texto divulgada pelo Hamas: "Somente um acordo de cessar-fogo os trará [os reféns] de volta."

"O Hamas está usando nosso filho como uma experiência viva em uma campanha vil de fome", escreveu a família de David em um comunicado. "Ele está sendo privado de comida apenas para servir à propaganda do Hamas", continou. 

"O mundo não pode permanecer em silêncio diante das imagens difíceis que resultam do abuso sádico deliberado dos reféns, que também inclui a fome", reagiu o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar.

Witkoff promete fim da guerra

Durante a reunião com as famílias de reféns israelenses, Witkoff disse que seu governo trabalha em um plano para acabar com o conflito. Em uma gravação do encontro obtida pela agência de notícias Reuters, o americano afirma que os EUA possuem um projeto para a reconstrução de Gaza. "Isso significa, na prática, o fim da guerra", disse.

Witkoff também afirmou que o Hamas estaria disposto a se desarmar para encerrar a guerra. Mais tarde, o grupo palestino rebateu dizendo que não abrirá mão da "resistência armada" a menos que seja estabelecido "um Estado palestino independente, plenamente soberano, com Jerusalém como sua capital."

Vista aérea de protesto em Tel Aviv
Centenas protestam em Tel Aviv pela liberação dos reféns neste sábadoFoto: Yair Palti/Anadolu/picture alliance

A reunião desagradou alguns dos presentes, que disseram não ver avanço claro nas negociações para a libertação dos reféns. Os familiares também  realizaram uma nova manifestação em Tel Aviv para pressionar o governo de Benjamin Netanyahu por um desfecho.

"Netanyahu, chegou a hora de fazer a única coisa que trará todos os reféns de volta  colocar um acordo abrangente na mesa que acabe com a guerra", disse Einav Zangauker, mãe de um dos reféns, que possui cidadania americana e israelense.

Israel se retirou das negociações de cessar-fogo com o Hamas, acusando o grupo palestino de não estar disposto a chegar a um acordo. 

Disparos voltam a matar palestinos que buscavam ajuda 

Em Gaza, forças israelenses abriram fogo próximo a dois pontos de distribuição de ajuda administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF) neste sábado, matando pelo menos 10 pessoas, segundo autoridades de saúde de Gaza.

A violência ocorre um dia após Witkoff visitar um dos centros da GHF e o embaixador americano em Israel chamar o sistema de distribuição de ajuda de "um feito incrível".

Palestinos carregam suprimentos em Gaza
Bombardeios e disparos ao redor de centros de ajuda continuam em GazaFoto: Jehad Alshrafi/AP Photo

As vítimas se somam a 859 palestinos mortos perto dos pontos da GHF desde 27 de maio, segundo relatório da ONU divulgado na última quinta-feira.

Outras 19 pessoas foram mortas a tiros quando se aglomeravam perto da passagem de Zikim, também na esperança de conseguir ajuda, disse Fares Awad, chefe do serviço de ambulâncias e emergências do ministério da Saúde de Gaza.

Uma testemunha ouvida pela agência de notícias AP, Mohamed Abu Taha, disse que tropas israelenses abriram fogo contra a multidão. Ele viu três pessoas – dois homens e uma mulher – serem baleadas enquanto fugiam.

O exército de Israel disse não ter conhecimento de disparos feitos por suas forças na área. A GHF também afirmou que nada aconteceu próximo a seus pontos, e que seus contratados só usaram spray de pimenta ou dispararam tiros de advertência para evitar aglomerações. 

Alemanha diz que ajuda ainda é "insuficiente"

Quase uma semana após Israel anunciar pausas humanitárias e lançamentos aéreos para levar suprimentos aos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza, a Alemanha disse que a ajuda que entra no território ainda é "muito insuficiente".

A Alemanha "observa um progresso inicial limitado na entrega de ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza, que, no entanto, continua sendo muito insuficiente para aliviar a situação de emergência", disse o porta-voz do governo Stefan Kornelius em um comunicado. "Israel continua obrigado a garantir a entrega total da ajuda", acrescentou Kornelius neste sábado. 

A ONU também defende que a atual quantidade está aquém dos 500 a 600 caminhões necessários por dia. Nas últimas semanas, dezenas de pessoas morreram por desnutrição no território, sete apenas nas últimas 24 horas. 

Witkoff em visita a centros de distribuição de ajuda do GHF
Witkoff visitou centros de distribuição de ajuda do GHF. Comitiva americana elogiou atuação da organizaçãoFoto: David Azaguri/US Embassy Jerusalem/AP Photo/picture alliance

Bombardeios continuam

O chefe do exército israelense, Eyal Zamir, alertou que "os combates continuarão sem descanso" se os reféns não forem libertados.

O Hospital Nasser informou ter recebido cinco corpos neste sábado, vítimas de dois ataques israelenses contra tendas que abrigavam deslocados no sul de Gaza.

O serviço de ambulâncias e emergências do ministério da Saúde disse que um bombardeio atingiu uma casa entre as cidades de Zawaida e Deir al-Balah, matando dois pais e seus três filhos. Outro ataque atingiu uma tenda em Khan Younis, matando uma mãe e sua filha.

gq (AP, Reuters)