Governo alemão pede ajuda ao Irã para Oriente Médio
24 de outubro de 2001O ministro do Exterior da Alemanha, Joschka Fischer, pediu ajuda ao Irã para uma solução de paz no Oriente Médio. Nas conversas do chefe da diplomacia alemã hoje, em Teerã, destacaram-se as diferenças de posições dos governos alemão e iraniano sobre o conflito israelense-palestino e o futuro do Afeganistão. Ao contrário da Alemanha, o Irã não reconhece o direito de existência de Israel e rejeita os ataques americanos ao Afeganistão, porque só causaria mais sofrimento à população civil. A União Européia e a Alemanha incluíram o ex-rei afegão exilado em Roma, Sahir Shah como figura de integração nos seus planos para o futuro do Afeganistão após a esperada queda do regime talibã.
Nos encontros com o seu colega iraniano Kamal Charrasi e o presidente liberal Mohammed Katami, o ministro alemão confirmou, porém, um interesse comum: assim como os Estados Unidos e seus aliados, o governo xiita iraniano também quer a queda dos talibãs sunitas e a estabilidade do vizinho Afeganistão, de onde já fugiram mais de 1,5 milhão de pessoas para o Irã. Durante a visita de Fischer, chegaram mais de mil afegãos no país, para escapar da fome e dos bombardeios americanos.
O Irã é a penúltima estação do giro que Fischer está fazendo por cinco países da Ásia Central e do Oriente Médio. Ele já esteve no Paquistão, Tadjiquistão e Arábia Saudita. Depois de uma escala hoje à noite em Paris para participar da conferência de cúpula teuto-francesa, seguirá para Israel e os territórios palestinos. O ministro iraniano do Exterior disse ao colega alemão que a raiz do terrorismo está no Oriente Médio.
Reconciliação - Fischer procurou mostrar em Teerã que a situação depois dos atentados de 11 de setembro em Nova York e Washington é uma oportunidade para romper a inimizade de 20 anos entre os EUA e o Irã, combatendo o terrorismo. Teerã não aderiu à coalizão internacional antiterror liderada pelos EUA, mas prometeu ajudar pilotos americanos que forem derrubados ou forçados a aterrissar em solo iraniano. Isso foi visto como um gesto de reconciliação com o arquiinimigo.
Isolamento - Há anos que a Alemanha vem insistindo para que as lideranças iranianas promovam reformas em sua política interna e externa para acabar com o seu isolamento internacional. Fischer mencionou melhorias na situação dos direitos humanos, uma mudança de posição sobre o conflito no Oriente Médio e uma conduta contra o terrorismo como condição decisiva para o Irã romper seu isolamento. Como o país não tem relações diplomáticas com os EUA, a Alemanha poderia servir de ponte entre Teerã e o Ocidente, já que tem relações longas e boas com os iranianos.