Washington exige que Ruanda retire tropas da RDC
12 de junho de 2025O processo diplomático iniciado por Washington tem como objetivo pôr fim ao conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, ocupam uma grande parte do território.
Em abril passado, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Ruanda e da RDC assinaram uma declaração de princípios que incluía compromissos como o respeito mútuo pela soberania, a integridade territorial e a luta contra os grupos armados.
A assinatura teve lugar na presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. Esta etapa precedeu a apresentação de um anteprojeto de acordo pelos dois países em maio passado.
EUA mudam de tom
No entanto, os Estados Unidos da América (EUA) condicionam a assinatura oficial do acordo de paz à retirada das tropas ruandesas do território congolês.
Esta condição prévia é apreciada por alguns ativistas congoleses, como Josue Wallay, que considera reconhecer a responsabilidade do Ruanda no conflito atual.
"Os Estados Unidos reconhecem implicitamente que a presença de forças estrangeiras, nomeadamente ruandesas, é um fator de desestabilização no leste da RDC. Para os congoleses, esta é uma exigência preciosa, porque significa que o apoio dos Estados Unidos não será tolerado", afirma Wallay.
Ceticismo mantém-se
Para outros ativistas, este pedido de retirada das tropas ruandesas não é nada de novo e nunca desbloqueou nada, porque o Ruanda nega o seu apoio militar aos rebeldes do M23.
"Não vemos essa vontade do Ruanda de retirar as suas tropas do solo congolês. Não há nada que sugira que o Ruanda tenciona fazê-lo", diz Germain Mironyi, um ativista da sociedade civil no Kivu do Norte. "Nada será feito em prol da paz na RDC e, infelizmente, é a população que vai continuar a pagar o preço", lamenta.
Mas outros analistas políticos, nomeadamente Chantal Faida, consideram que "a República Democrática do Congo deve desenvolver um plano B para ultrapassar os obstáculos que continuam a ser visíveis na procura de uma paz duradoura."
Apela à diplomacia congolesa para que encontre aliados que não hesitem em promover a agenda de apoio à RDC e que "imponham a todos os inimigos um mecanismo que permita o regresso da paz".
A par do processo de paz empreendido pelos EUA, o Qatar e a União Africana (UA) estão também envolvidos na procura de uma paz duradoura no leste da RDC. Desde 2021, o conflito opõe o exército congolês ao grupo rebelde M23, apoiado pelo Ruanda.