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Venâncio Mondlane em local incerto após tumulto em passeata

5 de março de 2025

Numa nota divulgada nas redes sociais de Venâncio Mondlane, a equipa do político moçambicano diz que o estado clínico e paradeiro do ex-candidato presidencial são desconhecidos, após tumulto durante passeata em Maputo.

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Venâncio Mondlane
Foto: Nádia Issufo/DW

A equipa do ex-candidato presidencial de Moçambique, Venâncio Mondlane, divulgou uma nota nas redes sociais do político, na sequência de tumultos causados por disparos durante uma passeata realizada hoje em Maputo.

Segundo o comunicado, um contingente da Unidade de Intervenção Rápida da (UIR) da polícia "abalroou a caravana de Venâncio Mondlane e iniciou uma saraivada de disparos com balas verdadeiras e gás lacrimogéneo".

De acordo com o mesmo texto, duas crianças foram mortas e 16 pessoas ficaram feridas durante o incidente, abrindo "uma nova onda de manifestações".

Devido aos disparos, a passeata dispersou e "não se conhece o paradeiro de Venâncio Mondlane nem o seu estado de saúde". A equipa encerra a nota dizendo-se alarmada e preocupada com a falta de notícias do político.

Pelo menos 16 pessoas baleadas

Entretanto, também a Plataforma Decide computou que pelo menos 16 pessoas foram baleadas entre os apoiantes que acompanhavam uma passeata liderada pelo ex-candidato presidencial em Maputo.

Entre os baleados estão duas crianças e um membro da caravana do Venâncio Mondlane, declarou à Lusa Wilker Dias, diretor da Plataforma Decide, organização não-governamental (ONG) que acompanha os processos eleitorais.

O incidente aconteceu no início da tarde no bairro de Hulene, ao longo da avenida Julius Nyerere, quando a caravana que acompanhava Venâncio Mondlane seguia em direção à Praça dos Combatentes, partindo da Praça da Juventude, no bairro Magoanine, nos subúrbios de Maputo.

Vias bloqueadas

Depois deste incidente, o caos ficou instalado em alguns bairros da periferia de Maputo e viveu-se mais um dia de bloqueios. Muitos cidadãos que tentavam chegar às suas residências relataram momentos de terror, com manifestantes a cobrarem dinheiro para os carros passarem e, em alguns casos, subiam no tecto das viaturas paralisadas.

Analistas ouvidos pela DW criticaram a atitude da polícia.

Para Wilker Dias, a atuação de hoje representa uma violação aos direitos políticos e humanos dos moçambicanos.

"A ação da polícia foi desnecessária porque eles não constituíam nenhum perigo," critica.

Já o comentarista Xavier Nhanale diz que a ação da polícia é uma demonstração de um Estado capturado pelos políticos.

"Este atentando é uma prova inequívoca de que a democracia em Moçambique só existe no papel", considera.

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Chapo assina acordo com partidos

Esta situação acontece num dia em que o Presidente da República, Daniel Chapo, assinava um acordo político com os cinco partidos de maior expressão no país, nomeadamente, FRELIMO, PODEMOS, RENAMO, MDM e Nova Democracia.

Na ocasião, Chapo falou sobre a necessidade de uma reconciliação e da manutenção da unidade nacional.

Sobre o acordo, Wilker Dias criticou alguns pontos que considera em falta no documento.

"Devemos ter em conta ações ligadas a esta componente, uma delas é a junção do Venâncio Mondlane neste diálogo, para além do indulto que devia ser pra todos e a responsabilização do Estado para indemnização das vítimas das manifestações," pondera.

Entretanto, Xavier Nhanala é cético quanto a efetivação do acordo.

"Eu não vejo nenhuma importância em relação a este acordo no atual contexto político, pois este acordo visa restaurar a paz em Moçambique. Porém, depois de tantos vários acordos assinados com Afonso Dlhakama em vida, vimos que houve atropelos", lamenta.

O documento assinado hoje é um compromisso para reformas do Estado, sobretudo no que diz respeito ao pacote eleitoral.

Última atualização às 20:09 horas locais na Alemanha