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UE e UA em esforços para "ultrapassar constrangimentos"

21 de maio de 2025

Segurança, multilateralismo e migrações em destaque na reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE e da UA. À DW, Osvaldo MBoco ressalta a importância da cooperação.

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Kaja Kallas, Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, no Conselho dos Negócios Estrangeiros de 20 de maio de 2025 em Bruxelas
A reunião foi encabeçada pela alta-representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Tete António, que também é o responsável pelo conselho executivo da UAFoto: Frederic GARRIDO-RAMIREZ/EU

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) e da União Africana (UA) reuniram-se, na quarta-feira (21.05), em Bruxelas, na Bélgica, para discutir segurança, multilateralismo e migrações. É o sexto encontro desde fevereiro de 2022 

A reunião foi encabeçada pela alta-representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Tete António, que também é o responsável pelo conselho executivo da União Africana.

Numa altura de "volatilidade geopolítica", África "é uma prioridade geopolítica" para a União Europeia, considerou o próprio bloco na informação que disponibilizou a anteceder este encontro. "A UE e África podem ser uma força poderosa quando atuam em conjunto", acrescentou Bruxelas.

Em entrevista à DW, Osvaldo MBoco, especialista angolano em Relações Internacionais, ressalta a importância da cooperação entre os dois blocos para "ultrapassar constrangimentos".

DW África: Qual a importância e a relevância desta reunião para África em geral e para os PALOP em especial?

Osvaldo MBoco (OM): A primeira nota é que existe uma relação entre a União Europeia e a União Africana. Faz todo o sentido sentarem, negociarem e acertarem alguns pontos que entendem ser importantes no âmbito da cooperação até para dinamizar as relações e ultrapassar uma série de constrangimentos.

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"A UE tem estado a apoiar e a cooperar com os países africanos, mas no atual contexto é importante dizer que vai perdendo alguma expressão", considera Osvaldo MBoco, especialista em Relações InternacionaisFoto: SIERAKOWSKI FREDERIC/EU

DW África: E quais os temas mais relevantes a serem discutidos entre a União Europeia e a União Africana?

OM: Um dos défices centrais tem muito a ver com a questão migratória e há um grande fluxo de emigrantes que saem de África para o continente europeu e há também uma certa reclamação por parte dos países europeus que entendem que esses fluxos migratórios até certo ponto têm causado dificuldades na gestão e a pressionar quer o sistema de saúde, quer o sistema de saneamento, como também o próprio setor de emprego destes países europeus. Há toda essa necessidade de conversar sobre estas matérias.

Num mundo em constante mudança geopolítica, é fundamental que a União Europeia consolide o seu papel e a sua posição a nível do continente africano. Ter atenção às várias dinâmicas e corridas das grandes potências para o continente africano e penso que a União Europeia não quererá ficar atrás, mas também ter uma posição dentro desta competitividade e consolidar a sua atuação e influência no espaço africano.

Há uma outra matéria que também estará em discussão, que tem a ver com a segurança. Onde os aspetos de segurança até certo ponto são transversais, principalmente quando falamos em questões ligadas ao terrorismo, questões ligadas à cibersegurança. Então, faz todo o sentido moldar questões no âmbito do multilateralismo, moldar questões que hoje dominam a pauta da política internacional e também com o estreitamento das relações entre estes dois blocos.

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DW África: Portanto, reuniões como estas são mais uma oportunidade, neste caso para Angola, para marcar pontos a nível da diplomacia internacional, uma vez que Angola detém a Presidência da União Africana...

OM: Claramente. Angola está a presidir a União Africana. Esta Presidência tem estado a demonstrar uma diplomacia muito dinâmica, proativa e também uma diplomacia que pretende afirmar-se em espaços significativos, não simplesmente a nível do continente africano, mas também a nível global, e concorre significativamente para o prestígio internacional de Angola.

DW África: Como é que em África se olha ultimamente para a União Europeia, uma vez que parece muito fragmentada e fragilizada, tendo em conta que nem sequer consegue tomar as rédeas na resolução de problemas muito próximos das suas fronteiras, como a guerra na Ucrânia. Será que os africanos ainda levam a sério o que a União Europeia tem a propor a África?

OM: A União Europeia tem estado a apoiar e a cooperar com os países africanos em determinados domínios, principalmente domínios ligados a aspetos sociais e muitas vezes a aspetos também culturais.

E então tem aqui também essa sua relevância, mas, no atual contexto, é importante dizer que a União Europeia vai perdendo alguma expressão do ponto de vista competitivo principalmente com as três grandes potências do mundo, os Estados Unidos, a China e também a Rússia. E isso faz com que a União Europeia dê maior atenção a tentar demonstrar que ainda é um ator importante, mas é um ator que vai perdendo também alguma expressão, mas também devido à sua fragmentação e à forma como é concebida enquanto bloco regional.

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