UE apoia população do leste da RDCongo
6 de março de 2025O anúncio foi feito pelo Embaixador da União Europeia (UE) para a região dos Grandes Lagos, Nicolas Berlanga Martinez, numa conferência de imprensa, em Kinshasa.
"A ajuda europeia é de 120 milhões de euros. 50% vão para ONG internacionais, 10% para o Comité Internacional da Cruz Vermelha e 40% para agentes das Nações Unidas, o que nos parece um bom equilíbrio para a presença no terreno", explicou.
E Martinez acrescentou: "Gostaria também de mencionar que temos ajuda humanitária de alguns Estados-Membro da União Europeia, com os quais nos estamos a coordenar para sermos mais eficazes”.
Por causa dos entraves logísticos causados pelo encerramento do aeroporto de Goma, que dificultam a entrega de alimentos, Bruxelas decidiu redirecionar a ajuda humanitária via Nairobi.
"Com o encerramento do aeroporto de Goma, deixámos de poder entregar ajuda por via aérea. Por isso, estamos a preparar esta Ponte Aérea Humanitária com caravanas rodoviárias de Nairobi. Ou seja, os aviões transportarão a ajuda para Nairobi, que depois será transportada por estrada para Goma”, detalhou Matinez.
Os dados mais recentes da ONU dão conta que, desde o início do ano – altura em que o M23 tomou a cidade de Goma – a violência levou à fuga de cerca de 80 mil pessoas da RDC para países vizinhos - intensificando o que a ONU chama de "uma das piores crises humanitárias do mundo".
Manter apenas ajuda humanitária?
Para tentar pressionar o Ruanda a cessar a intervenção militar na RDC, a União Europeia suspendeu, a semana passada, a cooperação que tinha com o país em matéria de defesa e segurança.
Esta semana foi a vez da Alemanha. Berlim anunciou, na terça-feira, que vai suspender novas ajudas a Kigali, seguindo assim os passos do Reino Unido e do Canadá, que tomaram decisões semelhantes.
Georges Kapiamba é presidente da Associação Congolesa para o Acesso à Justiça. À DW, diz que a decisão de Berlim é bem-vinda, mas que o apoio pode ser direcionado.
"A Alemanha alinhou-se com países que defendem o direito internacional. No entanto, como uma organização de direitos humanos, acreditamos que Berlim pode manter parte da ajuda e apoiar diretamente pessoas vulneráveis", defende.
Para Kapiamba é possível "suspender apenas a ajuda que beneficie diretamente as instituições estatais".
Mary Lawlor, especialista das Nações Unidas, alertou ontem a comunidade internacional para os riscos que também os defensores dos direitos humanos estão sujeitos na região. Segundo a especialista, há relatos de represálias por parte do M23 a ativistas que reportaram e denunciaram violações de direitos humanos.