UA critica restrições abusivas impostas pelos EUA
23 de junho de 2025O presidente da Comissão da União Africana (UA), Mahmoud Ali Youssouf, alertou para o que considerou como obstáculos aos negócios, aludindo às decisões da administração norte-americana de aumentar tarifas e alargar proibições de viagens a mais 36 países africanos, incluindo os PALOP Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
"Quando 36 países da África não possuem ou são negados vistos para os Estados Unidos, como pode o comércio desenvolver-se entre as duas áreas? Quando as tarifas são impostas de forma abusiva contra os Estados africanos e, em alguns casos, mais de 40%, como é que os negócios se vão desenvolver?", questionou, aplaudido pela plateia.
O responsável da União Africana lamentou também o fim do AGOA (Lei de Crescimento e Oportunidade para África),bem como os programas de ajuda ao desenvolvimento da USAID.
"Tudo isso foi abandonado. Alguém dizia que isso é um despertar para as nações africanas", disse, salientando que a África vai depender cada vez mais dos seus recursos domésticos.
"Nós estamos a desenvolver políticas para mobilizar recursos nacionais, mas nós não podemos aceitar a rejeição de vistos. Nós não podemos aceitar tarifas infelizes que não têm nada a ver com as regras da Organização Mundial de Comércio", criticou.
Por outro lado, salientou que a nova Comissão da União Africana se concentrou nos desafios da paz e da integração para pacificar o continente e promover os setores chave, tais como minerais e energia, saúde e agroindústria, infraestruturas e economia digital, "portadores de desenvolvimento e prosperidade".
Angola quer mais dos EUA
Presidente angolano, João Lourenço, defendeu que oinvestimento privado direto americano para África não se limite apenas à extração de recursos minerais convencionais e raros, mas que se interesse também por outro tipo de indústrias transformadoras.
João Lourenço, igualmente presidente da União Africana, afirmou no discurso de abertura da cimeira que ao longo das últimas décadas, a presença americana em África tem evoluído, passando de uma presença marcada sobretudo por assistência, para uma presença cada vez mais orientada para o investimento privado, inovação e construção de parcerias robustas.
Para Lourenço, são necessários investimentos também na indústria do ferro e do aço, do alumínio, do cimento, da agropecuária, da indústria naval, do automóvel e do turismo. Os Governos africanos estão preparados para facilitar os negócios aos empresários norte-americanos, e o setor privado de África está disponível para construir alianças que gerem lucros, mas também prosperidade partilhada, avançou o Presidente angolano.
"Destacamos também os minerais estratégicos, incluindo os minerais críticos para a transição energética global, cuja exploração responsável pode transformar as nossas economias e sociedades", enumerou João Lourenço.
África, um continente de decisões
De acordo com o Presidente de Angola, neste capítulo, África espera mais do que capital, contando com parcerias que se enquadrem na soberania dos seus países, que valorizem o conteúdo local, que promovam a transferência de conhecimento e que contribuam para a geração de empregos qualificados.
O estadista referiu que este fórum deve ser visto como uma peça importante nas relações económicas entre África e os Estados Unidos da América.
"África já não é apenas um continente de grande potencial de riqueza mineral, de recursos hídricos e florestais, de crescimento demográfico inigualável, é cada vez mais um continente de decisões transformadoras e projetos concretos", afirmou.