Tshisekedi e João Lourenço analisam segurança na RDC
19 de fevereiro de 2025De acordo com uma nota da presidência angolana, a reunião entre os dois chefes de Estado aconteceu no Palácio Presidencial, em Luanda, na terça-feira, face aos últimos acontecimentos no terreno, nomeadamente "a deterioração acelerada da situação de segurança" no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde o grupo rebelde M23 já ocupou duas cidades.
Segundo o ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, os dois chefes de Estado conversaram sobre o evoluir da situação de segurança na região leste e os próximos passos a dar no plano político-diplomático.
"Como sabemos é uma situação que preocupa o continente, depois da reunião do Conselho de Paz e Segurança realizada em Adis Abeba [no contexto da 38.ª cimeira da União Africana] justamente dedicada a este confito, era necessário vermos os próximos passos relativamente à procura de soluções para esta situação tensa para o continente e para quem tem responsabilidade de velar pelos destinos da União Africana", disse aos jornalistas.
O Presidente angolano, que assumiu no passado sábado a presidência rotativa de Angola na União Africana (UA), mandato que se estende até fevereiro de 2026, é o mediador designado pela UA para o conflito no leste da RDC.
M23 já controla Goma e Bukavu
Na parte oriental da RDC, refere ainda a nota da presidência angolana, "agudizaram-se as ações militares nas últimas semanas, com as forças do M23 a tomarem cada vez mais território, sendo o caso mais crítico a ocupação da cidade de Goma, capital da província do Kivu Norte."
Depois de ter tomado Goma, capital da província Kivu do Norte, numa ofensiva relâmpago no final de janeiro, o M23, movimento apoiado pelo Ruanda, tomou também o controlo de Bukavu, da província vizinha Kivu do Sul, no domingo.
Escolas, bancos e muitos estabelecimentos comerciais continuam fechados em Bukavu, enquanto edifícios saqueados e escombros queimados refletem a tensão que persiste.
Kinshasa acusa o seu vizinho Ruanda de "ambições expansionistas" e de querer pilhar os ricos recursos destas duas províncias, o que Kigali, que não confirma a sua presença na RDC, nega.
Cerca de 4.000 soldados ruandeses estão presentes no leste da RDC e os últimos combates já causaram quase 3.000 mortos, segundo a ONU, que acusa o M23 de execuções sumárias de crianças e alerta para a acentuada deterioração da situação no leste da RDC, "resultando em graves violações e abusos dos direitos humanos".
Por sua vez, o Governo da República Democrática do Congo critica a "inação" do Conselho de Segurança da ONU na sequência da tomada da cidade de Bukavu.