Trump espera que Putin aceite proposta de cessar-fogo
12 de março de 2025"O mais importante é que a Ucrânia acabou de aceitar um cessar-fogo", afirmou esta terça-feira (11.03) Donald Trump, na Casa Branca. "Vou falar com Vladimir Putin. São precisos dois para dançar o tango, como se costuma dizer. Por isso, espero que ele também concorde", declarou o Presidente dos Estados Unidos.
A Ucrânia aceitou ontem a proposta dos EUA para cessar-fogo de 30 dias com a Rússia. A decisão saiu após uma reunião entre delegações ucraniana e norte-americana que teve lugar na Arábia Saudita.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky disse através de um vídeo publicado nas redes sociais que o seu país considera a proposta de cessar-fogo "positiva" e "está pronto a dar esse passo".
A Ucrânia também espera que a Rússia- que ainda não se pronunciou sobre a questão - diga claramente se quer ou não a paz.
"Penso que a expectativa sobre a Rússia não é apenas da Ucrânia é a expetativa do mundo. A Rússia precisa de dizer muito claramente: quer a paz ou não? Querem acabar com esta guerra que começaram ou não?", questionou Andri Yermak, chefe de gabinete da Presidência ucraniana.
Os EUA também se comprometeram a retomar o fornecimento de ajuda militar e inteligência para a Ucrânia após a decisão do presidente Donald Trump de interromper o auxílio como forma de pressionar o país a concordar em negociar um cessar-fogo com a Rússia.
Reações internacionais
Vários líderes mundiais também esperam que a Rússia aceite a proposta de cessar-fogo na Ucrânia.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, diz que agora a bola está do lado russo e enalteceu "o progresso" feito entre Washington e Kiev".
Por seu turno, o primeiro ministro britânico, Keir Starmer, apela para que se alcance uma paz duradoura e segura, o mais rapidamente possível.
A União Europeia (UE) também já se posicionou, congratulando o possível cessar-fogo e mostrando-se disponível junto dos seus parceiros para apoiar nas negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia.
As discussões entre os Estados Unidos e a Ucrânia desta terça-feira foram apadrinhadas pela Arábia Saudita, um dia depois, de Volodymyr Zelensky ter visitado aquele país.
A mediação da Arábia Saudita
Mas como é que a Arábia Saudita entrou em cena? "Tem a ver com as negociações entre os EUA e a Arábia Saudita. E as declarações de que a Arábia Saudita deve investir um trilião de dólares na economia americana. Para o conseguir, os EUA estão a aumentar a importância geopolítica da Arábia Saudita", responde Iwan Us, do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos da Ucrânia-
Neil Quilliam, do Programa para o Médio Oriente e Norte de África do grupo de reflexão londrino Chatham House, acrescenta que depois de ter sido uma espécie de ator essencial no Médio Oriente, no que diz respeito aos palestinianos, à Síria e ao Líbano, Riade "está interessada em ser um mediador na crise do topo porque quer demonstrar que é agora uma potência média muito importante."
"E agora vemo-lo a desempenhar uma espécie de papel de mediador entre os EUA e a Rússia, entre os EUA e a Ucrânia. A Arábia Saudita acredita que tem um contributo importante a dar neste mundo e, de facto, considera-se não apenas uma potência média, mas uma potência global emergente", conclui Quilliam.
Segundo rumores, a Arábia Saudita é o primeiro país que Donald Trump quer visitar enquanto Presidente dos EUA - nas próximas seis semanas, de acordo com o Presidente norte-americano.