"Vergonha": RENAMO critica transporte de pessoas em tratores
18 de julho de 2025"Meio século de soberania, de promessas, de discursos e de esperanças renovadas a cada eleição. Mas a realidade continua a ser profundamente dececionante", lê-se numa mensagem divulgada hoje pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
"Cinquenta anos depois, o povo esperava metros de superfície, transportes modernos, estradas asfaltadas e dignidade nos serviços públicos. Em vez disso, recebe tratores", critica ainda o partido, denunciando o que diz ser "mais uma prova do colapso da governação da FRELIMO[Frente de Libertação de Moçambique, no poder]".
"Um partido que, após meio século no poder, continua a tratar os moçambicanos como se fossem carga agrícola, sem qualquer plano sério de desenvolvimento nacional. Tratores não transportam dignidade. Tratores não resolvem os problemas estruturais da mobilidade rural. Tratores expõem, sim, o desprezo da FRELIMO pelas populações humildes, sobretudo nas zonas rurais", aponta a RENAMO, na sua posição, afirmando que "Moçambique merece mais".
"O povo moçambicano merece respeito, investimento e desenvolvimento real, não tratores para fingir progresso", conclui.
Tratores para mobilidade
As autoridades moçambicanas vão entregar cem tratores adaptados com atrelados para transporte de passageiros nas zonas rurais com vias degradadas, para minimizar as dificuldades de mobilidade, com os primeiros dois distribuídos em Cabo Delgado, foi anunciado na quinta-feira.
De acordo com o presidente do conselho de administração do Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações (FTC), Paulo Ricardo, estes tratores são veículos com "condições criadas para o transporte" com "conforto".
"Foi mesmo adaptada para esta realidade", afirmou o presidente o administrador, durante a cerimónia de entrega das viaturas, naquela província do norte de Moçambique.
As cabinas destes tratoresadaptados foram preparadas para proteger os passageiros do calor, da poeira e das chuvas, incluindo assentos acolchoados e barreiras de proteção, detalhou, admitindo que nem todos os distritos vão necessitar deste tipo de solução de transporte.
Este modelo de transporte, de trator com atrelado fechado com lugares sentados, já tinha sido introduzido em 2024 no posto administrativo de Lunga, província de Nampula.
O Governo moçambicano pretende adquirir 390 autocarros para reforçar o transporte público urbano e rural no país, sendo perto de metade movidos a gás natural, segundo informação do concurso público noticiado em março deste ano pela agência de notícias Lusa.
Plano de autocarros
O concurso público lançado pelo FTC, aberto até 25 de março, estabeleceu o fornecimento de autocarros para o transporte urbano e de veículos mistos típicos para o transporte rural, por lotes.
O primeiro lote envolve a aquisição de 100 autocarros de grande porte, movidos a Gás Natural Veicular (GNV), para a Área Metropolitana de Maputo,e o segundo lote prevê a compra de 50 autocarros de médio porte, igualmente a GNV para a metrópole da capital moçambicana.
O terceiro lote prevê 100 autocarros de médio porte movidos a diesel "destinados às províncias", o quarto lote mais 100 "veículos típicos para transporte público nas zonas rurais" e o quinto lote 40 autocarros para transporte de funcionários das instituições públicas do país.
Na informação do concurso público, o FTC explicou que na "promoção do equilíbrio entre crescimento demográfico e o investimento no desenvolvimento humano", o Governo moçambicano considera o transporte público urbano e rural de passageiros como um fator crucial para o desenvolvimento socioeconómico, pela contribuição para a produtividade e melhoria de qualidade de vida".