Sudão: Líder das RSF admite retirada de Cartum
1 de abril de 2025No Sudão, o líder das Forças de Apoio Rápido (RSF), Mohamed Hamdane Daglo, admitiu: "Confirmo-vos que, efetivamente, saímos de Cartum, mas [...] regressaremos com uma determinação mais forte".
Foram estas as primeiras declarações do líder dos paramilitares desde que as RSF foram expulsas da capital Cartum pelo Exército sudanês, na semana passada. Até aqui, os paramilitares haviam apenas afirmado que não se "iriam render” e que as suas forças se tinham apenas "reposicionado”.
Também no fim de semana, o chefe do Exército sudanês garantiu que as suas forças irão continuar a combater as Forças de Apoio Rápido e que a guerra só terminará quando estas depuserem as armas e o "o último rebelde tiver sido eliminado".
Abdel Fattah al-Burhane exclui também qualquer negociação: "As atrocidades cometidas contra o nosso povo não nos dão qualquer opção de acordo com estes criminosos e os seus apoiantes".
"Não perdoaremos, nem negociaremos. Não vamos quebrar o nosso pacto com os mártires”, garantiu.
A próxima guerra
Para alguns especialistas em segurança, tanto as declarações do líder das RSF, como as do líder do Exército sudanês, mostram que o fim doconflito pode estar longe. É o caso de Dallia Abdel Moniem, especialista em segurança do Sudão. "Ainda há um longo caminho a percorrer", antevê.
A especialista argumenta que "a notícia de que Cartum está agora livre das RSF é positiva, mas estas forças ainda estão muito presentes na região ocidental do Darfur e também nalgumas partes das montanhas de Nuba, no estado de Kordofan. É uma grande área, tão grande que se divide em quatro estados"
"Se o Exército decidir que tem de derrotar as RSF, acho que a próxima guerra será no lado ocidental do país", diz.
A ONU estima que, desde abril de 2023, o conflito já causou milhares de mortos, desalojou mais de 12 milhões de pessoas e provocou uma das maiores crises humanitárias do mundo.