Sudão do Sul: E se a ONU não prolongar o embargo de armas?
26 de maio de 2025A atenção internacional volta-se mais uma vez para o Sudão do Sul- o país mais jovem do mundo - onde a guerra já causou a morte de milhares de pessoas.
A Comissão dos Direitos Humanos da ONU, alerta que a situação no país continua tensa, de acordo com o porta-voz da organização Seif Magango: "Estamos a alertar hoje para o risco real de uma maior deterioração da situação dos direitos humanos no Sudão do Sul, na sequência de um aumento das hostilidades entre as forças de defesa do povo do Sudão do Sul e o Exército de Libertação do Povo do Sudão - na oposição”.
O conflito também provocou mais de 2 milhões de deslocados e cerca de 60 mil crianças enfrentam a desnutrição.
O Sudão do Sul esteve numa guerra civil de cinco anos, entre 2013 a 2018, entre as forças leais ao Presidente Salva Kir e do vice-presidente Riak Machar.
Na tentativa de conter a violência, o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs, em 2018, um embargo de armas ao país, que expira no dia 31 de maio. Para já, os membros do Conselho de Segurança estão prestes a votar a renovação do embargo de armas ao Sudão do Sul por mais um ano ou o fim de medida. As sanções incluem também o congelamento de bens e proibição de viagens.
A força do embargo
A Amnistia Internacional adverte que sem uma extensão do embargo às armas, a vida de milhares de pessoas continua em risco no Sudão do Sul, reconhecendo que "o embargo não é uma solução mágica, mas é uma barreira importante contra o agravamento da violência."
"Pedimos ao Conselho de Segurança que renove o embargo, que o faça cumprir e que proteja vidas civis. A situação dos direitos humanos seria, sem dúvida, ainda pior sem essa medida", exorta o colaborador da ONG de defesa dos direitos humanos.
A organização denuncia ainda uma violação clara do embargo: o envio de soldados e equipamentos militares de Uganda para o Sudão do Sul desde março deste ano.
Em carta enviada à ONU, o vice-presidente do Sudão do Sul, Riek Machar, acusou Uganda de violar gravemente o embargo. A Anistia Internacional confirmou, com vídeos, a chegada de soldados e veículos militares ugandeses ao aeroporto de Juba.
Enquanto isso, o Conselho de Segurança prorrogou o mandato da Missão de Paz das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) por 12 meses, em meio à crescente deterioração da situação no terreno.
População cética
Mas estará a missão a conseguir desempenhar o seu papel? Vários cidadãos ouvidos pela DW mostram ceticismo. Abraham Maliet Mamer, Secretário-Geral da Autoridade de Investimento do Sudão do Sul é disto exemplo: "A ONU está aqui em Juba, nas ruas, mas não age. Não creio que o seu mandato seja claro. Não podem dizer que estão a manter apaz, mas que paz estão a manter? As pessoas continuam a lutar todos os dias."
Em reação, o comandante da missão da ONU no país, o general Mohan Subramanian, defende que a missão está a fazer de tudo que pode para acabar com o conflito.
"Este país já sofreu duas guerras civis antes da independência e duas depois. A população não aguenta mais. Temos que parar essa guerra, custe o que custar", sublinha.