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PolíticaQuénia

Sobe para 31 número de mortos nos protestos no Quénia

rl | com agências | Isaac Kaledzi
9 de julho de 2025

Número de mortos nos protestos de segunda-feira contra o governo no Quénia, que decorreram por todo o país, subiu para 31. A polícia lançou gás lacrimogéneo e munições reais contra os manifestantes que saíram às ruas.

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Agentes da polícia de choque durante protesto anti-governamental em Nairobi
Organizações de defesa dos direitos humanos condenaram o uso excessivo da força policial durante os protestosFoto: Monicah Mwangi/REUTERS

Os protestos, liderados por jovens, foram desencadeados pela indignação com a corrupção, o aumento do custo de vida, a má governação e a violência policial no Quénia. "Protestamos para tentar fazer com que este governo ouça o povo, ninguém nos está a ouvir. Há execuções extrajudiciais, a corrupção no governo está à vista de todos e ninguém está a fazer nada", lamenta Paul Muchiri, um dos jovens descontentes.

O Quénia vive uma onda de manifestações há cerca de um ano. Os protestos, que têm sido duramente reprimidos pela polícia, causaram já cerca de 100 mortos.

Isabel Brenda, analista do Instituto de Direito Eleitoral e Governação para África, diz que, "por um lado, o que está a acontecer no Quénia é progressista, por outro, é lamentável".

"É progressista no sentido em que os cidadãos estão conscientes dos seus direitos e do que diz a Constituição. Estão a resistir aos excessos do governo. Os cidadãos estão a lutar pela igualdade, contra a corrupção. E honestamente, eles realmente não têm nada a perder", afirma.

A especialista critica também a resposta do governo do Presidente William Rutto. "O governo, obviamente, entrou em pânico e está a recorrer ao autoritarismo e à força excessiva, levando, infelizmente, à perda de vidas. Não se pode enterrar a cabeça na areia simplesmente porque não se está satisfeito com o que os jovens estão a dizer. Venham para a mesa. Encontrem soluções", apela.

Canhões de água e gás lacrimogéneo usados pela polícia queniana para dispersar os manifestantes
A polícia queniana utilizou canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes Foto: Monicah Mwangi/REUTERS

ONU "muito preocupada" com "assassinatos"

A ONU disse-se ontem "muito preocupada" com aquilo a que chamou de "assassinatos". Em declarações à imprensa, a porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, frisou que "as forças de segurança só devem recorrer à força letal quando for estritamente necessário."

"Foram usadas munições letais, balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água. A ONU renova o seu apelo à calma e ao pleno respeito pelas liberdades de expressão, associação e reunião pacífica. É essencial que as queixas legítimas que estão na origem destas manifestações sejam tidas em conta", defende.

Os protestos de segunda-feira (07.07) aconteceram no chamado "Saba Saba", que celebra o dia 7 de julho de 1990, quando os quenianos se revoltaram pela primeira vez contra o regime de partido único do Presidente Moi, exigindo uma democracia multipartidária.

Dados da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quénia, atualizados esta terça-feira (08.07), indicam que, para além das 31 mortes, há ainda a registar 107 feridos e 532 detenções. Os últimos números da polícia, divulgados na segunda-feira, apontavam para 11 mortos.

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