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Rússia e Ucrânia trocam prisioneiros, ataques e acusações

mjp | DW (Deutsche Welle) | com agências
19 de março de 2025

Após noite de ataques mútuos - que atingiram infraestruturas de energia apesar de Moscovo afiançar uma trégua parcial - Rússia e Ucrânia confirmam que cada país entregou 175 militares ao outro.

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Limpeza de escombros junto a casas de civis danificadas no local de um ataque de um drone russo, na cidade de Hostomel, região de Kiev, Ucrânia
Ucrânia diz que ainda vai apresentar uma lista de alvos energéticos e civis para serem incluídos no cessar-fogo parcialFoto: Alina Smutko/REUTERS

A Rússia e a Ucrânia efetuaram uma troca de prisioneiros, tendo cada país entregue 175 militares ao outro, informou o Ministério da Defesa russo, esta quarta-feira (19.03). A troca de prisioneiros tinha sido anunciada na véspera pelo Kremlin, após uma chamada telefónica em que os Presidentes russo e norte-americano esboçaram umatrégua aos ataques contra instalações de armazenamento e produção de energia, com vista a um cessar-fogo total.

De acordo com o Ministério da Defesa, a parte russa também transferiu para a Ucrânia"como um gesto de boa vontade" 22 prisioneiros de guerra gravemente feridos que necessitavam de cuidados médicos urgentes. O Kremlin afirmou num comunicado que a Ucrânia iria receber 23 militares gravemente feridos, para além dos 175 prisioneiros de guerra.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou a troca, que descreveu como "uma das maiores realizadas". Os Emirados Árabes Unidos mediaram o acordo, escreveu numa publicação nas redes sociais.

Ataques e acusações

Também esta tarde, a Rússia acusou a Ucrânia de não ter suspendido de imediato os ataques contra instalações energéticas, no âmbito das conversações de terça-feira entre os Presidentes Vladimir Putin e Donald Trump.

"Registámos que não houve reciprocidade por parte do regime de Kiev. Foram feitas tentativas para atingir as nossas infraestruturas energéticas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Moscovo classifica os ataques ucranianos às infraestruturas energéticas russas como uma provocação preparada "com o objetivo de perturbar as iniciativas de paz do Presidente dos Estados Unidos".

Tanto a Rússia como a Ucrânia efetuaram ataques noturnos. Volodymyr Zelensky acusa Vladimir Putin de não ter cumprido a sua promessa, de não atacar o setor energético, depois de o Exército russo ter voltado a atacar as infraestruturas ucranianas.

O Presidente ucraniano acusou ainda Putin de querer enfraquecer a Ucrânia com a exigência que o Kremlin disse ter feito na terça-feira a Donald Trump para o fim de todo o fornecimento de armas ao seu país e também o corte do fluxo de informações dos serviços secretos dos Estados Unidos para Kiev.

Vladimir Putin e Donald Trump ao telefone
Vladimir Putin e Donald Trump falaram ontem ao telefone durante mais de 90 minutosFoto: Russian Presidential Press and Information Office/Handout/Anadolu Agency/picture alliance | Pete Marovich/CNP/AdMedia/picture alliance

"Putin está a jogar um jogo"

Numa entrevista ao canal alemão ZDF, emitida esta manhã, o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, disse que "Putin está a jogar um jogo" e que "os ataques a infraestruturas civis não diminuíram de todo na primeira noite após este telefonema supostamente inovador e fantástico" entre Putin e o Presidente dos EUA, Donald Trump.

O ministro alemão também descreveu como "inaceitável" a insistência do Kremlin de que uma "condição fundamental" para a paz seria uma interrupção completa do apoio militar e de inteligência do Ocidente ao Exército ucraniano.

"Isto é muito transparente", disse Pistorius, acrescentando que Putin quer evitar que os apoiantes de Kiev "continuem a apoiar a Ucrânia e a permitir que esta se defenda realmente se houver outro ataque, durante ou após um cessar-fogo".

UE alerta contra rutura com EUA promovida pela Rússia

Já a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, disse hoje que o contacto entre Vladimir Putin e Donald Trump demonstrou que a Rússia não está disposta a fazer concessões em relação à Ucrânia.

A responsável pela diplomacia do bloco europeu referiu que a Rússia se mantém intransigente em relação à Ucrânia: "Se lermos os dois resumos desta chamada [telefónica], é evidente que a Rússia não quer fazer quaisquer concessões", disse Kaja Kallas aos jornalistas em Bruxelas.

Uma rutura transatlântica "tornaria a Rússia mais forte", afirmou ainda a responsável, numa entrevista exclusiva à Euronews. "A Rússia quer ver os EUA e a Europa divididos. Não vamos dar-lhe isso".

Kallas afirmou que as conversações atuais são "diplomacia de vaivém" e que a Europa terá um lugar à mesa quando se iniciarem as negociações formais para um acordo de paz.

"A Europa está a vestir a farda militar"