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Rússia acusa Europa de não ajudar na paz na Ucrânia

27 de maio de 2025

A Rússia acusou hoje os países europeus de participarem indiretamente na guerra contra a Rússia ao fornecerem armas à Ucrânia e advertiu que tal comportamento não contribui para uma solução pacífica do conflito.

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Rússia Moscovo 2025 | Reunião entre Vladimir Putin e To Lam no Kremlin
Foto: Roman Naumov/Picvario Media/picture alliance

"Vemos que a Europa está indiretamente envolvida e que o fornecimento de armas [à Ucrânia], de uma grande variedade de sistemas de armas e munições, continua", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência).

Para o Kremlin, "trata-se de uma participação indireta na guerra contra a Rússia", afirmou Peskov na conferência de imprensa telefónica diária, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Peskov também criticou as declarações do chanceler alemão, Friedrich Merz, na terça-feira, de que já não existe qualquer limitação ao alcance das armas ocidentais fornecidas a Kiev.

"É claro que este comportamento dos europeus não ajuda em nada a resolução pacífica", acrescentou.

Peskov condenou a intensificação dos ataques ucranianos com ‘drones' em território russo, afirmando que também não facilitam o progresso do processo de paz.

O Ministério da Defesa russo acusou a Ucrânia de ter aumentado o número de ataques com ‘drones' e foguetes produzidos pelo Ocidente contra infraestruturas civis em território russo desde 20 de abril.

Peskov também desvalorizou críticas recentes do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao homólogo russo, Vladimir Putin, e disse que não afetarão a planeada troca de prisioneiros russo-americanos.

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Putin ficou mesmo "louco"?

Face à intensificação dos ataques contra a Ucrânia enquanto tenta mediar um acordo de paz, Trump afirmou no domingo que Putin "ficou completamente louco".

"É claro que os lados russo e norte-americano não podem concordar em tudo", comentou Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

"Mas há uma vontade política de implementar os acordos alcançados (...), e nós apreciamos muito essa vontade mútua", acrescentou.

Um conselheiro presidencial russo anunciou após uma conversa telefónica entre Putin e Trump, em 19 de maio, que as duas partes estavam a preparar uma nova troca de prisioneiros.

A Rússia prendeu vários cidadãos norte-americanos nos últimos anos, acusados de espionagem, críticas ao exército russo, pequenos furtos e conflitos familiares.

Do lado diplomático, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, criticou o plano de Trump de criar o sistema antimíssil "Gold Dome".

"É uma posição perigosa que mina os pilares da estabilidade estratégica", afirmou Zakharova.

Rússia Sochi 2025 | Vladimir Putin após uma conversa telefónica com Donald Trump
Rússia acusou Europa de participar indiretamente na guerra contra a UcrâniaFoto: Vyacheslav Prokofyev/Sputnik/REUTERS

"Guerra nuclear"

A porta-voz afirmou que o plano "é a expressão material da doutrina extremamente perigosa dos Estados Unidos de ataques preventivos".

Acrescentou que o sistema "procura dar um impulso adicional ao desenvolvimento de meios preventivos de ataques com mísseis", segundo a agência de notícias russa TASS.

Também a Coreia do Norte, país aliado da Rússia, descreveu hoje o plano de Trump como uma "iniciativa ameaçadora" que pode desencadear "uma guerra nuclear no espaço".

Pyongyang disse que Washington procura com o novo sistema "ameaçar a segurança estratégica dos Estados com armas nucleares", o que poderá "alimentar uma "corrida estratégica global ao armamento".

A China considerou na semana passada que o plano de Trump poderá ser "uma violação dos princípios de utilização pacífica do Tratado do Espaço Exterior".

Trump explicou anteriormente que o sistema de 175 mil milhões de dólares (154,1 mil milhões de euros, ao câmbio atual) será integrado nas atuais capacidades de defesa do país e deverá estar operacional em 2029.

"Será capaz de intercetar mísseis, mesmo que sejam lançados do outro lado da Terra ou do espaço", afirmou na altura, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.

Em janeiro, a Rússia comparou o plano ao projeto "Guerra das Estrelas" apoiado pelo presidente Ronald Reagan (1981-1989) durante a Guerra Fria, que previa a interceção de mísseis a partir da órbita terrestre, mas que nunca foi concretizado.

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Lusa Agência de notícias