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Liberdade de imprensaEstados Unidos

Rádio Europa livre luta contra cortes "ilegais" de Trump

ad | DW (Deutsche Welle)
20 de março de 2025

O diretor da Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, Stephen Capus, disse à DW que é ilegal a decisão da administração Trump de cancelar o financiamento da emissora, uma vez que o dinheiro foi atribuído pelo Congresso.

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Sede da Rádio Europa Livre
Foto: Michal Kamaryt/dpa/picture alliance

No passado dia 14 deste mês (março), pouco depois do Congresso dos EUA ter aprovado a sua última lei de financiamento, o Presidente, Donald Trump, deu instruções à sua administração para reduzir as funções de vários meios de comunicação social geridos pelo governo norte-americano ao mínimo exigido por lei.

Entre os abrangidos estão a Voz da América (VOA), a Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, a Rádio Ásia Livre e a Rádio Marti, que transmite notícias em espanhol para Cuba.

"Ato ilegal"

A Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade está a processar a administração de Trump, para tentar reverter a ordem que cancelou o financiamento da emissora apoiada pelos EUA.

O presidente e diretor-executivo do grupo de comunicação social, Stephen Capus, disse à DW que acredita que a emissora tem um caso com uma grande sustentação legal.

"É um ato ilegal reter os fundos que foram apropriados pelo Congresso. É altura de libertar os fundos e de respeitar este trabalho que está a ser feito, e que é de natureza vital tanto para os Estados Unidos como para os membros da nossa audiência", apelou.

Rádio
Comunicação social preocupada com "ataque à liberdade de imprensa"Foto: SeventyFour/Pond5 Images/IMAGO

Rádios com "voz" na história moderna

A Rádio Europa Livre foi originalmente lançada em 1950 durante a Guerra Fria para alcançar as pessoas sob o comunismo por trás da Cortina de Ferro da União Soviética. Três anos depois, a Rádio Liberdade começou a transmitir em russo e em mais de uma dúzia de outras línguas locais.

Atualmente emite em 27 línguas e, desde então, o grupo de comunicação social pró-democracia tem desempenhado um papel importante no fornecimento de informações a países sem uma imprensa livre ou sólida na Europa Oriental, Ásia Central, na região do Cáucaso e no Médio Oriente.

O bilionário, Elon Musk, encarregado por Donald Trump de reduzir a despesa pública, apelou em fevereiro ao encerramento das redes de comunicação social financiadas pelos EUA, descrevendo-as como "radicais de esquerda” que desperdiçam o dinheiro dos contribuintes.

No entanto, algumas das medidas da administração Trump para cortar agências foram revertidas pelos tribunais.

Elon Musk
Apoiante de Trump, Elon Musk apelida comunicação social financiada pelos EUA de "radicais de esquerda"Foto: Nathan Howard/REUTERS

"Existimos porque a liberdade está ameaçada ou desaparecida"

Stephen Capus afirma que estes cortes não fazem sentido, muito menos no panorama internacional que vivemos.

"Em todo o mundo, há pontos estratégicos em que estas emissoras internacionais dos EUA, incluindo a Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, estão a operar. E nós existimos, porque a imprensa livre desapareceu ou está ameaçada em todas as áreas onde operamos", afirmou.

Os cortes surgem numa altura em que a Rússia continua a inundar a Europa com campanhas de desinformação, nomeadamente durante as recentes eleições na Alemanha e na Roménia.

Muitos líderes europeus declararam o seu apoio ao grupo de comunicação social.

Peter Limbourg, diretor-geral da DW
Peter Limbourg, diretor-geral da DW, está solidário com a Rádio Europa Livre/Rádio LiberdadeFoto: Philipp Böll/DW

A DW está entre as emissoras preocupadas com a decisão, com o diretor-geral, Peter Limbourg, a considerar a decisão um golpe para a liberdade de expressão e de imprensa.

"Muitas pessoas, milhões de ouvintes e telespetadores estão a depender da informação nesses países autocráticos. E agora foram deixados sozinhos por Trump. E agora é um espaço enorme para a desinformação, para a propaganda", avisou.

O diretor-geral da Deutche Welle diz que "vamos tentar tudo para preencher a lacuna", mas alerta que é bastante grande, e por isso aguarda que "surjam melhores soluções."

União Europeia pode ajudar?

Vários jornalistas dos maiores órgãos de comunicação social do mundo dão voz às suas preocupações.

"A União Europeia tem vindo a discutir formas de manter a Rádio Europa Livre em funcionamento, com a República Checa a liderar a iniciativa", disse Andrea Shalal, jornalista da agência Reuters.

Kaja Kallas, vice-presidente da Comissão Europeia
UE atenta à situaçãoFoto: Sierakowski/EUC/ROPI/picture alliance

Já Peter Baker, do New York Times, expressa a "preocupação com a direção perigosa em que seguimos".

Na segunda-feira (16.03), a chefe da política externa da União Europeia, Kaja Kallas, recordou a sua infância na Estónia, que fazia parte da União Soviética, e chamou-lhe "um farol de democracia".

Questionada sobre se a UE se comprometeria a financiar a rede para preencher o vazio que os EUA estão a deixar, Kaja Kallas disse: "A resposta a essa pergunta não é automática. Mas, neste momento, estamos satisfeitos com o apoio e vamos ver onde tudo isto vai parar."

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