RDC quer retirar imunidade a Joseph Kabila
2 de maio de 2025A RDC deu início a um processo para retirar a imunidade a Joseph Kabila. Kinshasa alega que existem provas de que o ex-Presidente tem apoiado os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, que tomaram a cidade estratégica de Goma, no leste, e depois Bukavu, que tomaram em fevereiro.
O ministro da Justiça da RDC, Constant Mutamba, disse na quarta-feira (30.04) que o Parlamento tinha recebido um pedido do procurador-geral das Forças Armadas para revogar a imunidade processual de que Kabila goza como senador vitalício.
Segundo Mutamba, foram reunidas provas claras de "crimes de guerra, crimes contra a humanidade e massacres de civis e militares pacíficos."
Exílio na África do Sul
O ministro acrescentou que Kabila deveria regressar ao Congo para enfrentar a justiça ou arriscar-se a ser julgado à revelia.
Joseph Kabila exilou-se na África do Sul em 2023, na sequência de uma desavença com o Presidente Félix Tshisekedi. No mês passado, disse que voltaria para ajudar a encontrar uma solução para a crise no leste, onde os rebeldes M23, apoiados pelo Ruanda, tomaram grandes áreas este ano.
No ano passado, Tshisekedi acusou Kabila de apoiar os rebeldes do M23 e de "preparar uma insurreição" no leste da RDC, o que Kabila nega.
Conflito no leste da RDC
O conflito no leste da RDC já causou cerca de 3.000 mortes e agravaram uma das maiores crises humanitárias do mundo, com milhões de pessoas deslocadas.
No início deste mês, as Forças Armadas congolesas e o M23 concordaram em trabalhar no sentido de uma trégua, mas tudo indica que os combates continuam na província oriental do Kivu do Sul.
Kabila chegou ao poder em 2001, após o assassinato do seu pai, Laurent Kabila. Recusou-se a abandonar o cargo quando o seu último mandato terminou oficialmente em 2016, o que levou a protestos violentos, antes de finalmente concordar em deixar o cargo após as eleições de 2018.