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Repórteres exigem fim da suspensão da imprensa portuguesa

22 de agosto de 2025

Uma semana após a expulsão da comunicação social portuguesa, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denuncia a "violação do pluralismo e do direito à informação" na Guiné-Bissau.

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Senegal Dakar 2025 | Sadibou Marong, da Repórteres Sem Fronteiras
Sadibou Marong, diretor da RSF para a África Ocidental: "Violação do direito à informação em Bissau"Foto: Privat

Uma semana após a expulsão dos órgãos de comunicação social portugueses da Guiné-Bissau, o Governo continua sem apresentar qualquer explicação ou informação sobre os motivos que levaram a esta decisão. Diversas organizações de defesa da liberdade de imprensa e de proteção dos jornalistas já manifestaram publicamente o seu protesto contra a medida.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), através do seu diretor para a África Ocidental, Sadibou Marong, classificou esta sexta-feira (22.08), em entrevista à DW África, a expulsão dos órgãos portugueses como "uma violação do pluralismo e do direito à informação", apelando ao Governo guineense para "levantar imediatamente a suspensão".

DW África: Como encara a expulsão da comunicação social portuguesa na Guiné-Bissau?

Sadibou Marong (SM): A nossa organização, Repórteres Sem Fronteiras, considera o encerramento das delegações da agência Lusa, da RDP e da RTP como um duro golpe à liberdade de imprensa na Guiné-Bissau. As autoridades ordenaram o encerramento no dia 15 de agosto, ou seja, há precisamente uma semana. Desde então, não foi apresentada qualquer justificação oficial. Tudo indica tratar-se de uma medida arbitrária. Em qualquer dos casos, é uma flagrante violação do direito dos cidadãos guineenses à informação. A RSF exige, por isso, que o Governo levante de imediato esta suspensão, permitindo que os profissionais da Lusa, da RDP e da RTP retomem o seu trabalho normalmente.

Microfone RTP
Os órgãos de comunicação social públicos portugueses foram suspensos com efeitos imediatos. Executivo guineense ainda não apresentou justificação oficialFoto: Rita Franca/SOPA Images/ZUMA/picture alliance

DW África: Tudo isto acontece a pouco mais de três meses das eleições. Na sua opinião, a cobertura independente e pluralista da campanha eleitoral e das eleições pode estar em risco?

SM: De facto, este encerramento ocorre numa fase próxima das eleições, o que pode indicar uma intenção das autoridades guineenses de restringir ou influenciar a cobertura mediática do processo eleitoral. Tememos que os jornalistas, mesmo os que permanecem no país, se sintam cada vez mais pressionados e deixem de exercer a sua profissão de forma livre e independente. Estamos bastante preocupados e, por isso, já apelámos ao Governo de Bissau para pôr fim a este tipo de pressão sobre os meios de comunicação.

DW África: O encerramento forçado dos escritórios da Lusa, RTP e RDP não é um caso isolado. As pressões sobre rádios, jornais, televisões e os próprios jornalistas têm sido recorrentes nos últimos anos. Houve, inclusive, casos de agressões físicas contra jornalistas…

SM: Infelizmente, nos últimos anos, temos assistido a vários episódios de violência física contra jornalistas na Guiné-Bissau. Recordamos o ataque armado à Rádio Capital FM, bem como casos de jornalistas agredidos e detidos durante a cobertura de manifestações. Lembro-me particularmente do jornalista Armando Lona, que foi alvo de um tratamento verdadeiramente degradante. Mais recentemente, registámos o espancamento do correspondente da RDP, Waldir Araújo. Tudo isto é profundamente lamentável e representa um sinal preocupante para a segurança dos profissionais da comunicação social no país. Exigimos que as autoridades responsabilizem os autores destes atos hediondos, garantindo que os jornalistas possam exercer a sua profissão sem receio de represálias.

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