A RENAMO vai a tempo de reconquistar a confiança do povo?
16 de maio de 2025Apesar de reconhecer a queda da RENAMO, Geraldo Carvalho, o chefe do departamento nacional de mobilização da segunda maior força da oposição em Moçambique, diz que pelo que vê no terreno o partido da perdiz está no coração dos moçambicanos e por isso tem esperança de que um dia venha a recuperar a confiança popular.
"Consigo ver nos olhos dos membros e simpatizantes a informação que vem do coração que acentua muito o alto sentido daquilo que é desinformação que invadiu o partido", diz.
E Carvalho acrescenta: "Também consigo ver no fundo dos olhos dos membros e simpatizantes da RENAMO a preocupação de alto nível com o desentendimento inter-institucional e até interpessoal entre figuras proeminentes e as figuras emblemáticas da RENAMO, depois da morte de Afonso Dhlakama, a começar pelo alto sentido de união”.
Não há mais o que esconder
Mesmo assim, Carvalho entende que a atual contestação interna à liderança de Ossufo Momade é um sinal transmitido a partir das bases, contudo recomenda o uso de meios e caminhos próprios para o alcance dos objetivos almejados pela formação.
"Vejo nos olhos as preocupações que são colocadas pelas bases, membros e simpatizantes e um determinado descontentamento com a direção atual do partido. E isso não pode ser escondido, porque está a ser falado de forma certa ou errada mas está a ser falado pelos membros e simpatizantes da RENAMO”, reconhece.
Mas acrescenta ainda que: "Nesta senda é preciso que dentro da RENAMO nós os membros e simpatizantes e quadros da RENAMO estejamos atentos, porque o principal adversário que entra de todas formas para nos dividir é a FRELIMO. É ela que sai a ganhar, é ela que quer nos ver divididos”.
Desde quinta-feira (15.05), a sede nacional da RENAMO, em Maputo, voltou a ser tomada pelos antigos guerrilheirosdo partido, que insistem na saída cumpulsiva do presidente da RENAMO. A má gestão e arrogância são motivos apontados pelos desmobilizados para o afastar.
Promessas de violência
O porta-voz do grupo de guerrilheiros, José Machava, assegurou à DW que o encerramento das sedes faz parte das várias etapas que vai culminar com o afastamento de Ossufo Momade.
"Concluindo, nesta etapa vamos entrar numa outra etapa política, então concluindo também essa etapa política e se calhar até ali [Ossufo Momade] não se pronunciar", diz.
Mas o ex-guerrilheiro promete: "A terceira etapa será um pouco violenta, porque vamos nos mobilizar a nível do país e iremos à casa dele sentarmos e obrigarmos [Momade] a escrever [a renúncia]. Vamos convidar todos combatentes a nível do país para irmos para a casa dele”.
Machava, que é um general desmobilizado no âmbito de Desmamamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) e antigo integrante da junta militar dissidente da RENAMO, também disse louvar a posição do Governo de não interferir em assuntos que considera de casa.