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RENAMO critica Daniel Chapo por pôr em causa Acordo de Paz

29 de julho de 2025

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) criticou hoje o Presidente da República por apelar a uma reflexão sobre o Acordo Geral de Paz, acusando-o de promover "intolerância e arrogância governativa".

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Ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano (à esquerda) e líder histórico da RENAMO, Afonso Dhlakama
20 anos de paz em MoçambiqueFoto: picture-alliance/dpa

"[O partido vem] repudiar os discursos de ódio e intolerância que o Presidente da República tem vindo a proferir em suas viagens de trabalho por pôr em causa o Estado de Direito democrático, a reconciliação nacional, a estabilidade económica e promover a arrogância como método de governação", disse o porta-voz da RENAMO, Marcial Macome, em conferência de imprensa, em Maputo.

Em causa está um pedido do chefe de Estado moçambicano, em 17 de julho, aos membros das Forças de Defesa e Segurança para repensar o cumprimento e a validade, incluindo os entendimentos subsequentes do Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em 1992, em Roma, entre o Governo e a RENAMO, colocando fim à guerra dos 16 anos.

Marcial Macome, porta-voz do partido da oposição moçambicano RENAMO
Marcial Macome, porta-voz do partido da oposição moçambicano RENAMOFoto: Nádia Issufo/DW

Governo acusado de incumprimento

Para a RENAMO, agora segunda força política da oposição, cabe à sociedade civil e ao Parlamento moçambicano avaliarem o estágio de aplicação do referido acordo. O partido acusa os sucessivos governos da FRELIMOde incumprimento, incluindo a formação de um Exército conjunto e a indicação de guerrilheiros do seu partido para cargos de chefia.

"Deveria haver na mesma proporção lugares de comando e de chefia nas Forças de Defesa, porém, numa clara violação dos acordos de Roma, os oficiais e generais foram sendo relegados para segundo plano por via de passagem à reserva compulsiva", exemplificou Marcial Macome.

Para o porta-voz da RENAMO, o chefe de Estado tem promovido discursos que alimentam divisões e que "reavivam práticas do partido único".

"É preciso parar com a paz como retórica, exclusão como prática. Não se constrói a paz com discursos enfeitados", disse o porta-voz da RENAMO, acusando na sequência o Governo de desinteresse com o processo deDesarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), que só avançou em 2018 no âmbito de um novo acordo de paz.

"O Governo da FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder] que hoje é liderado por Chapodeve assumir que falhou em garantir os pilares do acordo, transformando o instrumento da paz num monumento cínico de propaganda nacional [...]. Gostaria de lembrar ao Presidente que repensar o AGP sem reconhecer o seu incumprimento é violência simbólica contra quem sangrou por ele, e é imperativo que o senhor reconheça publicamente os erros da implementação do acordo", acrescentou o porta-voz.

Moçambique: 30 anos do Acordo Geral de Paz

Lusa Agência de notícias