Refugiados no Quénia decepcionados com política alemã
7 de agosto de 2025Era abril de 2025. Chaste Zamu-kunda e o seu filho embarcaram no voo que os levaria para longe do campo de refugiados. Primeiro destino: Nairobi.
Depois de fugir da guerra na República Democrática do Congo, Chaste ia ser realojada de um dos maiores campos de refugiados do Quénia para a Alemanha, juntamente com uma vizinha. Era algo que ambas esperavam há vários anos.
"Sentíamos que estávamos a ser salvas. Fomos para Nairobi e ficámos num lugar agradável. Comíamos bem, dormíamos bem. Até que chegou a má notícia: A Alemanha rejeitou-nos, não vamos para lá," relata.
Dennis Kumer, um pastor do Sudão do Sul, e a sua família também iriam nesse voo para saírem do campo de refugiados. Nos últimos dois anos, passaram por exames médicos, entrevistas de segurança e já tinham o itinerário para a Alemanha definido. Em Nairobi, a notícia de que não iam viajar foi um choque.
"Disseram-nos que havia eleições na Alemanha e que teríamos de interromper a nossa viagem. Na verdade, não foi um bom dia para nenhum de nós. Todos passámos mal. As pessoas com hipertensão viram a sua pressão subir significativamente. Até a comida ficou intacta. Ninguém conseguia comer," recorda o pastor.
Promessa eleitoral
O que aconteceu? O partido democrata-cristão (CDU) do chanceler alemão Friedrich Merz venceu as eleições legislativas na Alemanha, em parte devido à sua promessa de diminuir a migração.
Em abril deste ano, a coligação governamental suspendeu a participação voluntária da Alemanha num programa das Nações Unidas para o realojamento de refugiados.
"Vamos seguir um novo rumo em relação à migração. Haverá controlos nas fronteiras e rejeições de requerentes de asilo. Também vamos iniciar uma campanha de deportação e encerrar os programas de admissão voluntária," declarou Merz em abril.
Isto afetou refugiados em vários países. Alguns deles estão agora a tomar medidas legais. Mathias Lehnert, um advogado de imigração que representa clientes do Sudão do Sul e do Afeganistão, afirma que mais de 50 famílias e indivíduos planeiam processar o Governo alemão.
"Na verdade, estamos a lidar com muitas pessoas que têm permissão legal para entrar na Alemanha, e o novo Governo alemão não só fechou os olhos à situação individual, como também está a ignorar a lei," considera o magistrado.
A Alemanha tinha inicialmente prometido acolher mais de 13 mil refugiados em 2024 e 2025. Mas até agora, acolheu pouco mais de um terço.
Todos sonhavam com o fim da sua situação de refugiados. E talvez o mais importante: Um futuro melhor para os seus filhos. uma esperança à qual muitos dos que se encontram nos campos de refugiados do Quénia ainda se agarram.