Reconciliação Nacional: Governo vai atender apelo da Igreja?
2 de agosto de 2025A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) quer que seja dado a Holden Roberto, líder fundador da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), e a Jonas Savimbi, fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o mesmo estatuto político atribuído a Agostinho Neto, antigo líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder.
O debate é antigo e voltou agora à ribalta com o apelo da CEAST para o reconhecimento do papel histórico de todos os movimentos de libertação nacional.
O apelo da igreja católica é justificado com a necessidade de haver plena reconciliação nacional e junta-se ao coro de vozes que consideram uma injustiça negar o papel histórico de Álvaro Holden Roberto, da FNLA, e Jonas Savimbi, da UNITA, na luta de libertação nacional.
Para o analista político Manuel Cangundo, o não reconhecimento da importância histórica destas duas figuras na libertação do país do jugo colonial português constitui um entrave ao processo de reconciliação nacional.
"Não só adia a reconciliação nacional como impede o próprio desenvolvimento do país, na medida em vamos continuar desavindos", justifica Cangundo.
Ouvido pela DW África, o politólogo Anselmo Kundumula reconhece os esforços de pacificação da CEAST, mas teme que a mensagem não surta efeito nas hostes do executivo.
"Esse debate foi desenvolvido na Assembleia Nacional, onde foi discutida a inclusão de Holden Roberto e Jonas Savimbi, e a bancada maioritária disse que o Presidente João Lourenço não queria que fossem incluídos."
Para Kundumula, o reconhecimento do papel desempenhado por Holden Roberto e Jonas Savimbi no processo de descolonização de Angola seria a nota mais importante, no ano em que o país celebra os 50 anos de independência.