Uganda e EUA discutem crise no leste da RDCongo
7 de abril de 2025O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, recebeu hoje o conselheiro para África do Presidente norte-americano, com quem conversou sobre o conflito no leste da República Democrática do Congo (RDCongo).
"Conversámos sobre a situação de segurança na região, particularmente no leste da RDCongo, bem como as oportunidades para as empresas americanas investirem no Uganda", disse Museveni na sua conta da rede social X (antigo Twitter), sem entrar em pormenores sobre a conversa mantida com Massad Boulos.
Ambos abordaram o conflito no leste do país, que se agravou no final de janeiro, quando o grupo rebelde Movimento 23 de março (M23) tomou Goma, capital da província do Kivu do Norte, e Bukavu, capital da província vizinha do Kivu do Sul, ambas fronteiriças com o Ruanda e ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
Boulos sublinhou que os Estados Unidos (EUA) "continuam empenhados em pôr fim ao conflito" e que estão a trabalhar "nos próximos passos" com os seus parceiros congoleses.
Segurança e investimentos
O conselheiro de Donald Trump está a realizar um périplo por África que já o levou à RDCongo e ao Quénia, onde se reuniu com os respetivos chefes de Estado para abordar, entre outras questões, a violência no leste da RDCongo, marcada pelo confronto entre o M23 com o exército congolês e as suas milícias aliadas.
Massad Boulos deve também visitar o Ruanda, embora a data desta deslocação ainda não tenha sido anunciada.
No Quénia, Boulos encontrou-se com o Presidente do país, William Ruto, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Musalia Mudavadi, em reuniões em que discutiram o reforço da cooperação bilateral em áreas como o comércio, o investimento, a segurança alimentar e a estabilidade regional.
O conselheiro visitou anteriormente a RDCongo, onde acordou com o Presidente congolês, Felix Tshisekedi, um "caminho a seguir" para promover o investimento de milhares de milhões de dólares no setor mineiro congolês.
Boulos disse que Trump quer "encorajar o investimento do sector privado norte-americano na RDCongo, especialmente no setor mineiro", mas sublinhou que não pode haver prosperidade económica "sem segurança".
Conflito na RDC
Desde a escalada do conflito, cerca de 1.2 milhões de pessoas foram deslocadas nestas províncias, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, os combates que eclodiram em Goma e nos arredores causaram a morte de mais de 8.500 pessoas em janeiro, afirmou o ministro da Saúde Pública congolês, Samuel Roger Kamba, no final de fevereiro.
A atividade armada do M23, um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994, recomeçou no Kivu do Norte em novembro de 2021 com ataques contra o exército congolês e, desde então, tem avançado em várias frentes, fazendo temer uma possível guerra regional.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU.