RDC e Ruanda vão assinar acordo de paz mediado pelos EUA
19 de junho de 2025A República Democrática do Congo e o Ruanda vão assinar um acordo de paz a 27 de junho, segundo uma declaração conjunta com o Departamento de Estado dos EUA, na quarta-feira (18.06).
As equipas técnicas dos países já iniciaram o projeto, que deverá ser formalmente assinado em Washington na próxima semana.
O projeto de acordo de paz visa pôr fim aos combates no leste da RDC, onde os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, fizeram avanços significativos no início do ano, capturando a cidade estratégica de Goma e a cidade de Bukavu.
"O acordo inclui disposições sobre o respeito pela integridade territorial e a proibição de hostilidades; desmobilização, desarmamento e integração condicional de grupos armados não estatais", refere o comunicado publicado na página do Departamento de Estado na internet.
Governo Trump de olho nos investimentos
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, assistirá à cerimónia oficial de assinatura na próxima semana.
O acordo anunciado na quarta-feira baseia-se numa declaração de princípios assinada entre os dois países em abril e constituirá um avanço para a administração do Presidente Donald Trump, que pretende pôr termo ao conflito no leste da RDC e atrair milhares de milhões de dólares de investimento ocidental para a região rica em minerais.
Ainda não é claro se a Aliança do Rio Congo - uma coligação de grupos rebeldes que inclui o M23 - irá aderir ao acordo.
O texto inclui disposições sobre "desvinculação, desarmamento e integração condicional de grupos armados não estatais".
Acordos fracassados
Representantes ruandeses e congoleses chegaram por duas vezes a acordos no ano passado, sob a mediação de Angola, sobre a retirada de tropas e operações conjuntas contra o grupo rebelde hutu ruandês FDLR, mas os ministros de ambos os países não aprovaram os acordos.
Angola deixou de ser mediadora em março, após várias tentativas falhadas de resolver a escalada da ofensiva rebelde apoiada pelo Ruanda no leste da RDC.
Os combates intensificaram-se este ano, quando os rebeldes M23, apoiados pelo Ruanda, avançaram para tomar as duas maiores cidades da região, obrigando à deslocação de milhares de pessoas.
A RDC acusa o Ruanda de apoiar o M23 com tropas e armas, enquanto o Ruanda nega ajudar o grupo e afirma que as suas forças estão a agir em legítima defesa.