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PolíticaRepública Democrática do Congo

RDC agradece apoio da SADC e garante segurança à população

Jean-Noël Ba-Mweze | rl | com agências
14 de março de 2025

Após anúncio da retirada das tropas da SADC do leste da RDC, fonte governamental de Kinshasa garante que país vai garantir segurança do território. À DW, analista diz que decisão da SADC surpreendeu Kinshasa.

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Deslocados abandonam campo, em Goma, após ordens do M23, fevereiro de 2024
Deslocados abandonam campo, em Goma, após ordens do M23, fevereiro de 2024Foto: Moses Sawasawa/dpa/AP/picture-alliance

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) decidiu, esta quinta-feira (14.03), numa cimeira virtual extraordinária, pôr termo ao mandato da sua missão militar na República Democrática do Congo (RDC).

Em entrevista à DW, Adolphe Amisi Makutano, deputado do partido do Presidente Felix Tshisekedi - a União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS) - garante que, apesar das dificuldades do exército congolês, o país vai assumir as suas responsabilidades.

"Somos um Estado e temos a nossa força de defesa a trabalhar ao lado de outros congoleses, patriotas que estão a defender a integridade do nosso território”, diz Makutano, acrescentando que a RDC está grata pelo apoio que foi dado pela SADC.

Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, e Secretário Executivo da SADC, Elias Magosi, na cimeira extraordinária da SADC, em janeiro de 2025.
Decisão da SADC foi anunciada, ontem, pelo Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa (ao centro)Foto: Jekesai Njikizana/AFP

 "Hoje, foi tomada a decisão de os fazer regressar. Que regressem em paz e obrigado por tudo o que fizeram por nós. Estaremos sempre gratos. Seremos vencedores", disse.

Decisão surpreende RDC

No entanto, Nkere Ntanda, docente na Universidade de Kinshasa, entende que o Governo de Kinshasa foi apanhado de surpresa com esta decisão.

Para este professor congolês, "é precisamente neste momento, em que as forças rebeldes estão a fazer progressos significativos, que a intervenção estrangeira deveria ser reforçada”.

Nkere Ntanda acrescenta que é hora de o país "se organizar como exército e como povo para desenvolver mecanismos que nos libertem desta guerra injusta imposta por um país muito pequeno, o Ruanda."

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A decisão da SADC foi tomada numa altura em que os rebeldes do M23 continuam a avançar no território, tendo ocupado há mais de um mês as cidades de Bukavu e Goma, capitais do Kivu Sul e do Kivu Norte, respetivamente. Acontece também na mesma semana em que Angola anunciou que o Governo da RDC e o M23 aceitaram iniciar negociações diretas de paz já na próxima semana em Luanda.

Em declarações à imprensa, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse esperar que a retirada das tropas da SADC do território "consolide” os esforços para uma trégua. Para Ramaphosa, o início das negociações reforça a confiança de que a paz é possível.

M23 congratula-se com negociações de paz

Em declarações esta quinta-feira (13.03), o movimento rebelde M23 congratulou-se com o anúncio da presidência angolana. O movimento rebelde, que voltou a pegar em armas em 2021, manifestou, no entanto, uma série de "preocupações", incluindo a "necessidade absoluta" de Tshisekedi "expressar publicamente e sem ambiguidade o seu empenho em negociações diretas".

O M23 alega também que ainda não foi "formalmente informado" pela mediação angolana e pede a Luanda que "informe oficialmente as partes envolvidas da sua iniciativa e dos seus termos de referência".

Até agora Kinshasa tinha sempre negado a possibilidade de negociar diretamente com o M23, que descreveu em várias ocasiões como um movimento "terrorista".  Após o anúncio de Angola, o Governo da RDC não fez quaisquer declarações.

A porta-voz do Presidente Félix Tshisekedi limitou-se a dizer que "tomou nota" das "iniciativas" anunciadas pela Presidência angolana, sem mencionar o anúncio de futuras conversações diretas.

"Estamos à espera de ver a aplicação desta abordagem por parte da mediação angolana", limitou-se a dizer Tina Salama na rede social X.

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