Rússia-Ucrânia: Três anos de guerra, nova era de negociações
25 de fevereiro de 2025O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deixou três frases nas suas redes sociais em alusão à guerra que se combate na Europa desde 24 de fevereiro de 2022: "Três anos de resistência. Três anos de gratidão. Três anos de absoluto heroísmo dos ucranianos", agradecendo "a todos aqueles que defendem e apoiam" a Ucrânia.
Mais do que palavras de apoio, líderes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu deslocaram-se à capital ucraniana, Kiev, onde reforçaram o apoio à Ucrânia e respetivo Presidente. Já 24 líderes participaram nesta cimeira internacional de forma remota.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que esta cimeira em Kiev simboliza que esta luta não é apenas da Ucrânia, mas sim da Europa.
"Uma Ucrânia livre e soberana não é apenas do interesse europeu, mas é do interesse de todo o mundo, porque os autocratas de todo o mundo estão a observar com muita atenção se há impunidade se violarmos as fronteiras internacionais ou invadirmos o nosso vizinho, ou se há uma verdadeira dissuasão", argumenta Von der Leyen.
A presidente da Comissão Europeia anunciou um novo pagamento à Ucrânia de 3,5 mil milhões de euros em março, quando o bloco comunitário já mobilizou 134 mil milhões, prometendo a entrega imediata de mais armas e munições.
"Putin não nos vai oferecer esta paz"
A cimeira serviu para discutir novas medidas para pôr fim à guerra e abordar possíveis garantias de segurança para a Ucrânia quando o conflito terminar.
António Costa, Presidente do Conselho Europeu, abriu a porta da União Europeia à Ucrânia, afirmando que "a adesão da Ucrânia à União Europeia será a garantia de segurança mais importante para o futuro da Ucrânia" e acrescentou: "E já decidimos que este novo ciclo institucional será o ciclo do alargamento à Ucrânia, à Moldávia, aos Balcãs Ocidentais e, não sabemos, à Geórgia".
Num longo discurso durante a cimeira em Kiev, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, disse que 2025 "deve tornar-se o ano do início de uma paz real e fiável”.
"Putin não nos vai oferecer esta paz, nem vai dá-la em troca de algo. Temos de alcançar a paz através da força, da sabedoria e da unidade - através da nossa cooperação convosco", afirmou.
Para Zelensky, "a paz não pode ser declarada simplesmente numa hora, não pode ser declarada num dia, hoje, amanhã ou depois de amanhã. Infelizmente, esta é a realidade".
O assinalar de três anos de guerra coincide numa altura em que Zelensky tem sido alvo de críticas por parte do homólogo dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump. Na semana passada, Trump considerou que Volodymyr Zelensky era "um ditador" sem legitimidade democrática e acusou-o de começar a guerra e de fomentá-la, coincidindo com a narrativa utilizada pelo Kremlin para justificar a invasão
"Precisamos de algo substancial para a Ucrânia"
E não foi apenas em Kiev que se debateu o desejado fim do conflito na Ucrânia. Nos EUA, o Presidente Donald Trump recebeu na Casa Branca o homólogo francês, Emmanuel Macron. O Presidente francês elogiou a iniciativa de Trump e aponta para um termo da guerra em breve: "Queremos a paz. E penso que a iniciativa do Presidente Trump é muito positiva. Precisamos de algo substancial para a Ucrânia, mas também para a segurança da Europa e da França".
E Macron vinca esforços conjuntos: "Em segundo lugar, vamos trabalhar em conjunto no futuro para preservar as garantias de segurança. Precisamos de ter a certeza de que esta paz será respeitada pela Rússia. É necessário estabelecer uma trégua. Penso que isso poderia ser feito nas próximas semanas".
Já Donald Trumpaludiu à possibilidade de Putin aceitar a entrada de forças de manutenção da paz europeias na Ucrânia após o conflito.
"As tropas europeias podem ir para a Ucrânia como pacificadores. Assim, quando o acordo estiver concluído, podem verificar se tudo é seguido corretamente. Não creio que isso seja um problema", disse Trump.
Putin com discurso tranquilizador
No que toca ao lado russo, Vladimir Putin, mostrou-se favorável à participação dos europeus na resolução do conflito na Ucrânia e a investimento norte-americano para explorar minerais estratégicos nos territórios ucranianos ocupados pelo exército russo.
"Estamos gratos a todos os nossos parceiros que levantam estas questões e que se esforçam por garantir que a paz [na Ucrânia] seja alcançada. O que quero dizer com isto é que não só os europeus, mas também outros países, têm o direito e podem participar. E nós tratamos isso com respeito", garantiu o Presidente russo.
Já durante esta noite, os Estados Unidos conseguiram que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma resolução sobre a guerra na Ucrânia, que foi rejeitada de manhã quando foi submetida à votação na Assembleia Geral, e que não contém sequer uma menção a "invasão” ou "guerra”.
A resolução obteve o apoio de dez países, incluindo a Rússia, a China e os países africanos e asiáticos no Conselho, enquanto os cinco países europeus se abstiveram, sendo que França e Reino Unido se recusaram a usar seu poder de veto. A resolução, uma das mais curtas já aprovadas, menciona um "conflito entre a Ucrânia e a Federação Russa”, "pede um fim rápido para o conflito” e "uma paz duradoura”.