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SaúdeQuénia

Quénia trava tráfico de órgãos após reportagem da DW

20 de abril de 2025

Reportagem da DW e de outros meios de comunicação alemães denunciou um esquema de tráfico de rins no Quénia. Agora o Governo está a iniciar uma investigação.

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O ministro da Saúde, Aden Duale, e outros representantes do setor no Quénia
O ministro queniano da Saúde, Aden Duale (segundo a contar da esquerda), disse que quer restaurar a confiança pública no sistema de saúde do paísFoto: Felix Maringa/DW

O Governo do Quénia confirmou que iria encerrar as operações de transplante de rim numa clínica que estava sob os holofotes por tráfico de órgãos.

O anúncio foi feito poucos dias depois da divulgação de uma reportagem da DW e dos órgãos de comunicação alemães Der Spiegel e ZDF sobre o hospital Mediheal no Quénia.

O que disse a reportagem?

A reportagem acompanhou os percursos de vendedores e compradores de órgãos, analisou documentos, falou com denunciantes e profissionais de saúde.

A investigação jornalística expôs uma rede internacional que explorava jovens quenianos desesperados por dinheiro, bem como pacientes idosos desesperados por um rim que lhes pudesse salvar a vida.

O correspondente da DW em Nairobi, Felix Maringa, informou que a resposta do Governo queniano foi rápida, começando com o encerramento da operação de transplante de órgãos no hospital.

"Foi criado um novo comité para investigar as práticas éticas no Hospital Mediheal, o sistema de governação e até o privilégio do cliente quando se trata de doação de rins", disse Maringa.

"Dois funcionários do Ministério da Saúde também foram suspensos", disse Maringá. Acredita-se que esses funcionários tenham interferido numa investigação de 2023 sobre o hospital.

O Hospital "Mediheal" no Quénia
O Hospital "Mediheal" no Quénia, onde se centra a investigaçãoFoto: Mariel Mueller/DW

O ministério tomou também medidas para suspender as licenças dos médicos estrangeiros, uma vez que os implicados eram do Paquistão e da Índia, acrescentou Maringa.

Tentativa frustrada de investigação

O Governo queniano divulgou um comunicado na quinta-feira (17.04), com o ministro da Saúde, Aden Duale, a comparecer perante a imprensa para anunciar formalmente as medidas.

Duale reconheceu que o Governo estava ciente das alegações contra o Hospital Mediheal, afirmando que, em dezembro de 2023, o seu ministério iniciou uma missão multidisciplinar de investigação para abordar "sérias preocupações".

Admitiu que o relatório do grupo não foi assinado por causa de "opiniões divergentes" de alguns membros do comité, e acabou também não sendo submetido oficialmente ao Ministério da Saúde para a tomada de providências.

O ministro anunciou a suspensão imediata de Maurice Wakwabubi e Everlyne Chege, dois altos funcionários do ministério.

"Esta medida é necessária para eliminar qualquer potencial conflito de interesses e para garantir que as futuras investigações prossigam de forma independente e objetiva, de acordo com as leis ", refere o comunicado do ministério.

Ministério da Saúde procura 'restaurar a confiança pública'

Duale disse que o ministério estabeleceu agora uma nova investigação. E que o ministério iria realizar "uma auditoria abrangente de todos os transplantes renais" nos últimos cinco anos.

Espera-se que o comité apresente o seu relatório no prazo de 90 dias, acrescentou Duale.

Além de suspender todas as licenças médicas estrangeiras, o Governo queniano também irá rever e auditar todos os profissionais médicos estrangeiros, exceto os da Comunidade da África Oriental.

"Quero reafirmar o compromisso inabalável do meu ministério em proteger os direitos, a segurança e a dignidade dos pacientes", disse Duale.

Acrescentou que o ministério também estava empenhado em "restaurar a ordem, a confiança pública e a fé no sistema de saúde do Quénia".

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