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PolíticaNigéria

Que hipóteses tem a nova coligação da oposição da Nigéria?

Chinaza Samuel
4 de julho de 2025

Perante as crescentes deserções do partido no poder, líderes da oposição nigeriana formaram a Aliança Democrática para desafiar o Presidente Bola Tinubu nas eleições de 2027. Mas será que a coligação pode dar frutos?

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Bola Ahmed Tinubu, Presidente da Nigéria
Nas últimas semanas, o Presidente Bola Tinubu convenceu vários políticos da oposição a juntarem-se ao partido no poderFoto: AFP

A coligação diz que está a unir-se em resposta ao agravamento das condições económicas do país, sob a liderança de Bola Tinubu.

Yunusa Tanko, membro da Aliança Democrática (ADA) , explica que estão "a lutar pela alma" do país. "O sistema nigeriano está em mau estado. Há fome, insegurança crescente e um claro desdém pelos valores democráticos. Muitos verdadeiros democratas acreditam que o sistema deve ser reformulado. Esta coligação é um esforço coletivo para defender a essência da democracia", explica.

Desde que tomou posse, em maio de 2023, o governo do Presidente Bola Tinubu implementou reformas económicas arrojadas, pondo fim, por exemplo, aos subsídios aos combustíveis.

Um relatório recente do Banco Mundial afirma que a economia da Nigéria registou o maior crescimento da última década. No entanto, os nigerianos têm vindo a sentir o aperto com o aumento do custo de vida.

Para muitos que se debatem com a inflação, o desemprego e a crescente insegurança, a Aliança Democrática promete mudanças.

Atiku Abubakar e Peter Obi (à esquerda e ao centro),
Atiku Abubakar e Peter Obi (à esquerda e ao centro), antigos rivais e candidatos à presidência em 2023, uniram forçasFoto: Gbemiga Olamikan/AP/picture alliance

Reação dos aliados do Presidente Tinubu

Embora os apoiantes da coligação continuem otimistas quanto à vitória nas eleições de 2027, nem todos estão convencidos.

Binta Garba Massi, apoiante de Tinubu, diz que para o "ambiente democrático” a coligação é "saudável!, mas ressalva que " o processo de tentar destituir um Presidente em exercício é outra questão, é uma tarefa difícil."

As coligações não são novidade na política nigeriana. Em 2015, o próprio Congresso de Todos os Progressistas nasceu de uma coligação que conseguiu derrotar o então presidente, Goodluck Jonathan, quebrando o  domínio de 16 anos do Partido Democrático do Povo (PDP), no poder.

No entanto, observadores notam que a dinâmica é agora significativamente diferente. À DW, o analista político Mallam Baba Yusuf diz que "é muito cedo" para dizer se a Aliança Democrática pode ter algum impacto real, "se considerarmos a atual dinâmica política na Nigéria, parece mais uma reunião política."

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Baba Yusuf lembra que Bola Tinubu e outros membros do Congresso de Todos os Progressistas têm décadas de experiência na oposição e conseguiram mudar o regime em 2015. "A sua metodologia, abordagem, estratégia e mentalidade eram bastante diferentes do que estamos a ver agora. A menos que os atuais líderes da oposição mudem significativamente a sua estratégia, não os vejo a ter grande impacto."

A Aliança Democrática diz que estão em curso diligências no sentido de registar o partido e apresentar um único candidato presidencial da oposição nas eleições de 2027.

A Nigéria tem realizado regularmente eleições pacíficas desde o regresso da democracia em 1999, apesar das alegações de fraude eleitoral, violência política e corrupção.

Desafios económicos agravam-se

Desde que tomou posse em maio de 2023, o governo do Presidente Tinubu implementou reformas económicas arrojadas, acabando com os subsídios aos combustíveis, por exemplo, num esforço para atrair investimento estrangeiro e reestruturar as finanças públicas.

Um relatório recente do Banco Mundial afirmava que a economia da Nigéria tinha registado o maior crescimento da última década.

No entanto, o custo de vida aumentou e milhões de pessoas estão a lutar para conseguir pagar as necessidades básicas, incluindo a alimentação, a habitação e os transportes.

Para muitos que se debatem com a inflação, o desemprego e a crescente insegurança, a coligação promete um novo veículo político, mas as suas hipóteses permanecem incertas.

"Enquanto a coligação se reúne, a atual administração elabora estratégias. Há insegurança em quase todas as partes da Nigéria - será isso culpa do APC?", questiona Garba Massi, um aliado de Tinubu.

Os organizadores da coligação ADA afirmam que estão em curso discussões sobre um roteiro para registar o partido e apresentar um único candidato presidencial da oposição nas eleições de 2027.

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