Quase 300 pessoas resgatadas de autoproclamados Naparamas
24 de abril de 2025"Estiveram nesta base mais de 280 mulheres e crianças, e essas mulheres foram recrutadas aqui nas povoações de posto administrativo de Sabe, na província da Zambézia. (...) Estes malfeitores já estavam a criar mal-estar aqui no distrito de Morrumbala, na estrada Nacional número 1", avançou à comunicação social o brigadeiro Bernardo Ntchokomala, após o resgate das vítimas.
Segundo as autoridades moçambicanas, o grupo privou as mulheres e crianças da liberdade por mais de duas semanas numa antiga base de ex-guerrilheiros da RENAMO, força de oposição contra a qual as autoridades lutaram durante a guerra civil dos 16 anos.
A base estava localizada no posto administrativo de Sabe, distrito de Morrumbala, na província central da Zambézia.
Segundo Bernardo Ntchokomala, as vítimas estavam a ser treinadas pelos raptores, não estando clara a intenção do grupo com estes exercícios.
"Estiveram cá mulheres a serem violadas em frente aos seus maridos", acrescentou o oficial do exército moçambicano, reiterando que não se trata dos históricos naparamas.
"Estes são malfeitores", frisou Bernardo Ntchokomala.
Os naparamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.
Historicamente, os naparamas classificam-se como uma força que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a dar-lhes alegada "proteção sobrenatural" que acreditam que os torna imunes, até a balas.
Nos últimos meses, as autoridades têm denunciado diversos ataques de grupos que se autoproclamam naparamas em vários pontos de províncias do centro e norte de Moçambique.