Putin está interessado em conversações diretas com Zelensky?
21 de agosto de 2025O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Johann Wadephul, acredita que o Presidente russo, Vladimir Putin, não está disposto a participar de conversações diretas com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para pôr fim à guerra na Ucrânia.
Em entrevista à DW, Wadephul justificou o seu ceticismo: "As dúvidas são óbvias, porque o Presidente Putin não se mostrou disposto a negociar. O Presidente Zelensky disse que está pronto para um encontro bilateral com Putin. Onde está o ‘sim' de Putin?"
"Só o vemos a atacar a Ucrânia todos os dias. Só o vemos a usar táticas de adiamento. Ele precisa finalmente entender que esta guerra tem de acabar”, acrescenta.
Para o ministro alemão, Moscovo continua a dificultar qualquer iniciativa de paz, apresentando desculpas e condições que mudam constantemente.
Questionado sobre a possibilidade de Berlim sediar uma reunião entre os líderes da Rússia e da Ucrânia, Wadephul foi peremptório: "Não, creio que Berlim não tem qualquer ambição de organizar essas negociações".
"Participamos com propostas e com apoio. Estamos dispostos a dialogar com todas as partes. Mas não vemos como nossa principal tarefa ser o local onde essas conversações serão realizadas. Acho que deve ser um local o mais neutro possível”, defende.
E o papel da China?
O chefe da diplomacia alemã considera a Suíça um local mais neutro e apropriado para possíveis negociações diretas entre Putin e Zelensky.
Wadephul também falou do papel da China no conflitoe fez um apelo direto ao Governo de Pequim: "A China é um Estado importante, que pode ter muita influência política e económica. Há muito tempo que exortamos a China a garantir que esta guerra termine. Porque quase nenhum Governo tem tanta influência sobre a Rússia como a China".
E o chefe da diplomacia alema lamenta: "Infelizmente, a China ainda não aproveitou essas oportunidades, mas nunca é tarde demais.”
O ministro acredita que a China pode exercer pressão sobre a Rússia para encerrar o conflito, e espera que esse apelo seja finalmente ouvido em Pequim.