Cabo Delgado: Garimpeiros em alerta temem terroristas
12 de março de 2025De acordo com fontes locais, o movimento de supostos rebeldes naquela comunidade do distrito de Meluco foi detetado na segunda-feira (10.03), quando um grupo de pessoas estranhas foi visto perto de um riacho.
"Foi de longe, fui para tirar água e fazer sondagens porque a zona está sempre em alerta máximo, daí que vi pessoas em um número maior perto do rio e fiquei com medo", relatou uma fonte a partir de Meluco.
No grupo, acrescentou, estavam mulheres e idosos, que se presume serem pessoas sequestradas nas comunidades por estes grupos, à sua passagem: "Vi muita gente, incluindo mulheres e idosos".
A aproximação gerou medo e pânico entre estes garimpeiros, que prontamente se juntaram num só acampamento, por segurança.
"Ninguém dorme distante do outro, até alguns que dormiam isolados já se uniram no mesmo local", explicou outra fonte.
Apesar de passarem a dormir e acampar em grupos, outros garimpeiros decidiram retornar às suas zonas de origem, receando por um possível ataque.
"Outros, que têm medo, foram para casa. Eu volto porque é lá onde consigo dinheiro de renda", disse outra fonte.
Em fevereiro último, grupos de rebeldes atacaram uma mina local, tendo feito pelo menos cinco mortos entre garimpeiros ilegais, de acordo com os relatos destes trabalhadores.
Ataques armados em Cabo Delgado
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos nessa província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio de 2024, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de rebeldes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos ataques armados.