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Protestos na Zambézia: Postes derrubados, saque e fogo posto

4 de março de 2025

À DW, o chefe de Coromana, no norte da província, contou que teve de fugir com a sua família por causa dos manifestantes. Protestos violentos também atingem Inhassunge e Chinde.

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Rua em Mulumbo, na província da Zambézia
Clima em Mulumbo após protestosFoto: M. Mueia/DW

Já passaram quase cinco meses desde as eleições gerais em Moçambique, e as manifestações contra os resultados eleitorais não terminam.

Desde sábado (01.03), tem havido protestos diários na região sul e norte da província da Zambézia. Em Inhassunge, por exemplo, populares destruíram postes da linha de alta tensão, alegando que estão cansados de pedir eletricidade para as suas casas, e cortaram as estradas para evitar que a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) chegasse ao local.

Na vila de Chinde, outro grupo destruiu as portas da residência do administrador local e saqueou todos os produtos alimentares armazenados nos armazéns do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD). Uma testemunha revelou que os incidentes ocorrem desde domingo (02.03).

"Eu estava a carregar o telefone no hospital e, de repente, vi aquele movimento. Pensava que fosse brincadeira, chegaram à casa do diretor da infraestrutura e deixaram cair o muro. […] De seguida, vandalizaram a sede da FRELIMO e a casa do chefe de posto", descreveu.

Situação em Coronama

Na madrugada de segunda-feira (03.03), outro grupo saiu em grande número em manifestações na localidade de Coromana, distrito de Mulumbo. A polícia tentou intervir e duas pessoas terão ficado feridas – há relatos de mortes, não confirmados pelas autoridades locais.

Calvo Ernesto, chefe do posto administrativo de Coromana, contou à DW que o alvo dos protestos era ele próprio: os manifestantes exigiram a sua demissão.

"Vandalizaram a minha casa, roubaram os bens que estavam ali e queimaram todos os colchões", relata.

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Calvo Ernesto diz que ele e a sua família tiveram de fugir, por causa do ataque. Segundo o chefe da localidade de Coromana, quem protagonizou os tumultos foram simpatizantes do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS).

"Eles querem indicar o chefe do posto, acham que estão a dirigir o país", critica.

A DW contactou a representação local do PODEMOS, mas não foi possível obter uma reação do partido sobre o caso. 

Atuação da polícia

Já a polícia diz que não tem conhecimento oficial destes últimos tumultos na província.

"A Polícia da República de Moçambique não fala em informações que apenas circulam nas redes sociais, precisamos ter bases vindo do local dos factos para podermos anunciar a todos os órgãos de comunicação", justifica a porta-voz do comando provincial na Zambézia, Belarmina Henriques.

Entretanto, devido às dificuldades de acesso aos locais das últimas manifestações, um contingente da UIR chegou, na tarde de segunda-feira, à ilha de Chinde para reforçar a segurança naquele local.

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Correspondente da DW Marcelino Mueia
Marcelino Mueia Correspondente da DW África em Quelimane