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Protestos em Luanda: 22 mortos e mais de 1.200 detenções

Lusa | gcs
30 de julho de 2025

Tumultos prosseguem em Luanda em plena greve dos taxistas contra o aumento do preço dos combustíveis. Ministro do Interior de Angola diz que 22 pessoas morreram nos últimos dois dias. Oposição apela ao diálogo.

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Protestos em Luanda contra o aumento do preço dos combustíveis
Tumultos começaram na segunda-feira, em Luanda, com a paralisação dos taxistasFoto: Julio Pacheco Ntela/AFP

O balanço provisório das autoridades angolanas aponta para 22 mortos, 197 feridos e 1.214 detenções nos dois dias de tumultos registados na província de Luanda, durante uma paralisação de taxistas, avançou hoje o Governo.

Os dados foram avançados pelo ministro do Interior de Angola, Manuel Homem, no final da reunião do Conselho de Ministros, onde foi passado o ponto da situação dos dois últimos dias, marcado por atos de vandalismo na capital angolana.

Os atos de violência aconteceram na sequência da paralisação por três dias dos serviços de táxis, convocada por associações e cooperativas de táxis, em protesto face à subida do preço dos combustíveis e das tarifas de transportes públicos.

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, a Frente Patriótica Unida (FPU), que integra a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e o Bloco Democrático, lamentou "profundamente as vítimas mortais entre civis e um oficial da Polícia Nacional ocorridas durantes os protestos", exortando a "população, particularmente os jovens, a não se deixarem instrumentalilzar nem enveredar por  práticas que comprometam o seu futuro e o de Angola em geral".

Apelou ainda ao Executivo angolano que "abandone definitivamente a postura arrogante e repressiva" e "opte, sem equívocos, pela cultura do diálogo e concertação social".

Transportes coletivos retomam após tumultos

A empresa pública de Transportes Coletivos Urbanos de Luanda (TCUL) anunciou, entretanto, ter retomado os serviços, registando um prejuízo de mais de 44 mil euros nos dois dias em que suspendeu aatividade devido à insegurança na capital angolana.

Em declarações aos jornalistas, o porta-voz da TCUL, André Gomes, disse que nos últimos dois dias a empresa deixou de transportar mais de 500 mil passageiros, tendo sido registada a vandalização de dez autocarros, com o prejuízo a ascender a 48 milhões de kwanzas (mais de 44 mil euros).

Segundo André Gomes, a atividade arranca hoje com 70 autocarros, estando garantida pelas autoridades a segurança dos passageiros, motoristas e dos meios.

André Gomes lamentou os tumultos e a vandalização dos meios públicos e privados, nos dois últimos dias.

"Aquilo que nós assistimos de facto é um crime autêntico, porque paralisação não é sinónimo de vandalizações. Então, apelamos ao público, principalmente aquelas pessoas que tiveram contacto direto com esta má ação, a não enveredarem para este tipo de caminho", sublinhou.  

Também a MACON, empresa privada de transporte urbano de passageiros, retomou hoje as operações, depois de ter registado a vandalização de pelo menos 12 autocarros, estando ainda a calcular os prejuízos financeiros entre segunda-feira e terça-feira.

Aumento dos preços

No início deste mês, o preço do gasóleo passou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros), no âmbito da retirada gradual pelo Governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023, levando a um reajuste das tarifas dos transportes públicos.

Face à subida do preço do gasóleo, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) passou de 200 (0,19 euros) para 300 kwanzas (0,28 euros) o preço do serviço de táxis coletivos (transporte ocasional de passageiros) e de 150 (0,13 euros) para 200 kwanzas (0,19 euros) a tarifa do serviço de autocarros urbanos.

Os grevistas sublinham que passaram mais de 15 dias sem o Governo "ouvir o grito de socorro dos taxistas", por isso "as Associações e Cooperativas de taxistas ANATA, ATA, CTMF, ATLA, CTCS, 2PN, AB-TAXI" decidiram paralisar os serviços.

Lusa Agência de notícias