Programa em amárico da DW faz 60 anos
8 de abril de 2025Durante a semana da celebração dos 60 anos de emissões, o governo etíope ameaçou, mais uma vez, retirar a acreditação de todos os correspondentes locais da Deutsche Welle (DW). No último minuto, o embaixador alemão em Adis Abeba conseguiu evitar o pior.
Nos últimos anos, vários ministros alemães dos Negócios Estrangeiros e, mais recentemente, a ex-chanceler Angela Merkel tiveram de se pronunciar a favor da DW quando o sinal de ondas curtas foi interrompido durante meses após ataques deliberados.
Em retrospetiva, a primeira emissão, a 15 de março de 1965, parecia tão estatal como o protocolo na corte do então imperador etíope Haile Selassie: mesmo antes da "introdução ao novo programa em amárico", o embaixador do Império Etíope na República Federal da Alemanha foi autorizado a dirigir uma saudação aos ouvintes de ondas curtas do Corno de África. O lançamento do programa traz um "raio de luz" à Etiópia, disse na altura o diplomata.
Desde então, sucederam-se monarcas e tiranos, fomes e guerras civis. E na mesma medida em que os antigos portadores de esperança defraudaram as expectativas da população extremamente jovem da multiétnica Etiópia, aumentaram os ataques ao programa em amárico da DW.
Líder de mercado na Etiópia
Dez anos depois, nada mudou. A DW chega a um em cada dez etíopes no segundo país mais populoso de África - cerca de 129 milhões de pessoas - com os seus programas de rádio, online e televisão. O programa de rádio em amárico é o mais ouvido entre as emissoras internacionais.
"Isto mostra que informamos sobre temas relevantes para a população: desenvolvimentos políticos, desafios sociais e perspectivas que, de outra forma, seriam ignorados", afirma a diretora de programas na DW, Nadja Scholz.
"Estamos orgulhosos de contribuir com o nosso trabalho para uma informação livre e crítica na Etiópia - um país fascinante e incrivelmente complexo do ponto de vista cultural e político. É precisamente por isso que é tão importante que as pessoas tenham acesso a informação independente", destaca.
A chefe de redação da DW, Manuela Kasper-Claridge, elogia os correspondentes e editores pelo seu "trabalho profissional excelente", destacando que "estão a fazer o trabalho que é necessário, são uma fonte muito apreciada pelo público na Etiópia", porque "o programa é diferente do que os outros produzem, no melhor sentido, o que significa que há conteúdos a que nem toda a gente na Etiópia tem acesso", incluindo temas que o público feminino aprecia.
O diretor-geral da DW, Peter Limbourg, também expressou o seu reconhecimento pelo trabalho da equipa amárica e na capacidade para atender a demanda de um jornalismo cada vez mais digital.
"Sempre foi uma fonte fiável, credível e equilibrada para os etíopes em todas as épocas, regimes e tempos sombrios. Desafiou com êxito todas as tentativas de censura. É por isso que aprecio particularmente o facto de a equipa editorial também ter passado com sucesso para o digital - da onda curta ao Facebook, ao YouTube, Telegram, Tiktok", salienta.
Mais jovens ouvintes
Gerações de etíopes cresceram com a DW como uma fonte de informação fiável. O diretor do departamento de África da DW, Claus Stäcker, refere que o crescimento nos canais digitais mostra que o programa também é atrativo e relevante para os jovens. E com o cancelamento dos serviços da Voz da América (VOA), "as expectativas em relação à DW tornaram-se ainda maiores", diz.
O primeiro programa de rádio, em 1965, tinha apenas 15 minutos de duração. Agora, a DW emite uma hora inteira em amárico, sete dias por semana, através de ondas curtas e por satélite, e está também presente em todos os canais relevantes das redes sociais.
É por programas de sucesso como este que a DW ficou em primeiro lugar na categoria "Equilíbrio" no Global Media Index em 2024 pela sua cobertura de África. "Merecem elogios pelo vosso equilíbrio. Continuem assim", escreveu o seguidor Amix Amu Amir no Facebook.