Corrupção: Procurador quer investigação sem influências
25 de março de 2025O procurador-geral da República de Moçambique, Américo Letela, sublinhou esta terça-feira (25.03), durante a tomada de posse de quadros do Ministério Público (MP), entre os quais estão novos membros do Gabinete de Combate à Corrupção, que "os empossados têm a missão clara de garantir que os casos decorrupção sejam devidamente investigados, processados, sem qualquer influência externa ou interesses pessoais".
Américo Letela quer que os empossados fortaleçam a cultura da transparência, prestação de contas e da responsabilidade pública, visando criar um ambiente em que a "corrupção não tenha espaço para prosperar" em Moçambique.
O procurador-geral da República espera que, nas novas funções, os magistrados impulsionem atividades de prevenção e combate à corrupção, branqueamento de capitais e a criminalidade "complexa, transnacional, incluindo o terrorismo".
"A luta contra a corrupção deve começar no nosso seio, pois não seria justo exigir pureza de outros, quando na verdade nós não somos puros (...). Não podemos ser condescendentes, nem tolerantes a atos de corrupção", concluiu o procurador-geral.
PGR desacreditada
Na cerimónia foram empossados Amélia Machava para o cargo de diretora do Gabinete Central de Combate à Criminalidade Organizada e Transnacional, Nazimo Mussá para diretor-adjunto do Gabinete Central de Combate à Corrupção, e Fernando Uache para procurador provincial da República chefe de Manica.
Foi também empossada Atija Cassimo para procuradora provincial da República chefe de Inhambane e Luís Vianeque para o cargo de diretor do Gabinete Provincial de Combate à Corrupção de Tete.
O apelo de Letela é feito numa altura em que a justiça está descredibilizada no país. As investigações ao ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane no contexto das manifestações vieram acirrar ainda mais as desconfianças.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique aplicou em 11 de março a medida de termo de identidade e residência a Venâncio Mondlane, num processo em que o Ministério Público acusa o político de incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais, em que já morreram, desde 21 de outubro, cerca de 360 pessoas.