Presidente português recebe partidos após queda do Governo
12 de março de 2025O Parlamento português rejeitou na noite de terça-feira (11.03) a moção de confiança apresentada pelo governo do primeiro-ministro Luís Montenegro, deixando o país diante da perspetiva de eleições antecipadas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha sinalizado que, se a moção de confiança fosse rejeitada e levasse à queda do Governo, o calendário eleitoral apontaria para meados de maio.
O chefe de Estado vai receber em Belém delegações do PSD, PS, Chega, IL, BE, PCP, Livre e PAN, com quem deverá debater a crise política e a data das próximas legislativas. O Conselho de Estado foi convocado para quinta-feira (13.03).
Marcelo Rebelo de Sousa considera fundamental que "a economia, a sociedade e a vida das pessoas continuem", num período que não será "mais longo do que dois meses", embora tenha manifestado preocupação com a antecipação das eleições num cenário de crise internacional.
Conflito de interesses
O primeiro-ministro português foi acusado de conflito de interesses por causa de uma empresa familiar, a Spinumviva. A crise política foi desencadeada há cerca de um mês e levou à apresentação de duas moções de censura do Chega e do PCP, ambas chumbadas.
As dúvidas sobre a antiga empresa de Montenegro, que antes de ir para o Governo passou à sua mulher e mais recentemente aos seus filhos, levou o PS a apresentar uma comissão parlamentar de inquérito para produzir resultados num prazo de 90 dias.
Luís Montenegro assegurou no Parlamento que não cometeu qualquer crime, mas a oposição insistiu que é preciso criar uma comissão parlamentar de inquérito para saber até que ponto a empresa comprometeu, ou não, a idoneidade do político.
Montenegro culpou o Partido Socialista (PS) pela queda do governo, acusando os socialistas de intransigência. Defendeu que o Governo "tentou tudo até à última hora" para conciliar o pedido de comissão de inquérito dos socialistas e a continuação do executivo em funções.
"Não merece outra oportunidade"
O Governo minoritário PSD/CDS-PP colapsou menos de um ano depois de tomar posse. Para o líder do PS, Pedro Nuno Santos, o Governo "cai por responsabilidade do primeiro-ministro", considerando que o PS "tinha dado todas condições ao Governo para governar".
"A direita teve uma oportunidade única e desbaratou a oportunidade que o povo português lhe deu. Não merece outra oportunidade", considerou o líder socialista, numa entrevista à TVI/CNN, pouco tempo depois da votação da moção de confiança.
Pedro Nuno Santos reiterou que o país está perante uma crise política "por causa de um caso que envolve pessoalmente o primeiro-ministro."